sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ano novo

Toda a gente faz o seu balanço do ano velho. Toda a gente faz projectos para o ano novo. Eu acho giro porque é sempre o mesmo ciclo e o ano novo pode ser quando eu quiser. Mas não quero também eu deixar de fazer os meus planos. Na verdade, não há grandes planos. Há que agradecer pelo que tive e pedir que seja igual. Venha daí muita saúde. Venham daí muitos momentos românticos contigo, muitos mimos, muitas discussões construtivas e muita aprendizagem para sermos felizes.E muitas noites a trabalhar no hospital que é bom presságio. Venha daí a família sempre unida. E, se for possível, muita formação profissional. Venha daí a coragem para enfrentarmos a crise. E muitos momentos bons com os amigos. E é isso. Venha daí a vida.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Unintended

Tu podias ser a minha palavra se eu falasse. O brilho dos meus sonhos se não tivesse pesadelos. Os meus passos se eu não me recusasse caminhar. A minha transparência se eu não fosse opaca. Tu podias ser o meu analgésico e és o antídoto, o que pode ser uma antítese. E se isto não fosse uma metáfora, podia ser uma personificação.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Não passam de reliquias as lembranças. Parece que já foi há tanto tempo e talvez ainda tenha sido ontem. Há coisas que se quebram que já não dá para comprar igual. E eu pergunto-me se é aqui que quero continuar.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Eles


Eles foram dois corpos sem forma que um dia renasceram juntos. Foram dois corpos que nunca souberam comunicar, mesmo que falassem entre si. Corpos que nunca se misturaram, que nunca souberam dançar a melodia dos amantes tardios. Que nunca se souberam esperar. Nunca souberam mais nada do que o orgulho. Eles foram sempre dois, as suas histórias nunca foram A estória, porque nunca souberam ser menos que dois. Queriam ser muita gente quando era esse o segredo, ser apenas um. Eles nunca se conheceram bem, apesar de acharem que sim. E quando se olhavam, não viam mais do que o fim do mundo, do que a tormenta. Eles não sabiam que o cinzento existia. Viviam num limite, ou se calhar ela no menos infinito e ele no mais infinito. Eles eram o demónio e o anjo ao mesmo tempo, a palavra e o silêncio, a noite e o dia.

Eles foram sempre eles, sem nunca sermos nós.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Medo


Há que ter medo. Sempre medo. Não um medo escuro. Um medo transparente. Um medo que não nos sofoque mas que não nos dê excesso de confiança. Com medo a mais, vivemos de menos. Com medo a menos, vivemos na loucura. E a loucura não nos deixa ver com a clareza suficiente o que é realmente importante. Ter medo pode ser limitador ou motivador. A escolha é nossa.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Os feriados bons

são com sonos prolongados, sem relógios nem pesadelos. São com cafés numa esplanada e conversas cúmplices. Depois chuva e gelado. E um passeio. E ainda um bom jantar. Acabar no sofá, com muita preguiça mas feliz. Amanhã é dia de trabalho e é bom também.

domingo, 5 de dezembro de 2010

< 3

Quero tréguas de um cansaço emocional. Quero deitar-te no meu peito para que sintas que os meus batimentos cardíacos se acalmam quando estás comigo, quando me falas com doçura, quando me enrolas os caracóis na ponta dos dedos e quando me dizes que o futuro é nosso. Quero dias sem horas, sem partidas nem regressos, apenas o vazio, a imensidão de relógios sem ponteiros. Quero as palavras ditas no timing certo, palavras que rimem com afectos bons, com mimos bons, com sorrisos melhores ainda. Quero chuva lá fora enquanto me enches de sol. Quero-nos tanto, ás vezes mais, às vezes menos, dependendo dos nossos humores lábeis, mas sempre.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Do facebook


Ponto nº 1: Eu não entendo como é que me enchem o mural do facebook com frasesinhas ou citações pirosas de tudo quanto é livro ou pensadores mais ou menos filosóficos. Apercebo-me que há pessoas que conseguem publicar umas dez seguidas! Ou andamos muito espirituosos e com isto da crise nos tornamos mais recatados nos nossos pensamentos e mais disciplinados no coração; ou é tudo para demonstrar que somos uns intelectuais geniais; ou é para ver se sacamos alguns comentários porque tem-se uma vida miserável e socialmente nula ou, ainda, mandar alguma indirecta. E depois vão-se a ver os autores e é sempre a Margaridinha Rebelo Pinto (onde estava com a cabeça para no passado ter comprado livros dela??) ou o Nicholas Sparks (idem aspas) ou de outros autores muito light (e muito sem sal também).


Ponto nº2 Porque é que existem pessoas que estão sempre a actualizar o espacinho que diz "em que estás a pensar?". Encontram-se pérolas do genero "já não aguento mais"; "não tenho sono"; "não me apetece ir trabalhar"; "a comer chocolate"; "a fazer o presépio"; "um dia tudo pode mudar". WTF? O que é que isso me interessa? Não têm vida real? Vejam a Casa dos Segredos.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Arriscar


Eu acho que às vezes nos acomodamos demais com aquilo que temos. Não é que toda a gente tenha de ser ambiciosa. É só que o sofá é demasiado cómodo e, com o tempo, até pode ficar com a forma do nosso corpo, impedindo-nos de nos sentirmos confortáveis noutra posição, noutro local, noutra vida. Eu, mui nobre insatisfeita persona, sinto-me a afundar nesse sofá. Está tudo igual há muito tempo. Os mesmos velhos medos, as mesmas promessas, as mesmas desculpas, os mesmos caminhos e as mesmas palavras. A rotina é boa, sim. Mas sair dela, de vez em quando, é ainda melhor. Já não tenho paciência para o "fazer as malas e desaparecer". Isso é muito à teenager. Não é isso. É mais deixar de ser sempre arroz quando pode ser massa; é mais o arriscar; o dizer e assumir "não me apetece" quando não apetece mesmo, em vez de fingir e fazer o frete; é responder a primeira coisa que nos vem à cabeça; é sair de casa como se fosse para uma festa; é dançar frente ao espelho; é esquecer as calorias e comer o belo do crepe com gelado; é esquecer que se vai trabalhar no dia seguinte e ficar à conversa boa; é acordar tarde quando podemos e queremos acordar tarde; é ir com o mp4 no volume máximo e cantar; é procurar o hobbie perfeito; é acabar quando uma relação já acabou há muito; é voltar ao passado só porque sim; é apaixonar-se à primeira vista; é ir viajar por esse mundo fora, quando assim podemos. É andar à chuva de mãos dadas; ficar incontactável uns dias só porque nos apetece; ir ao Mc Donalds porque não nos apetece cozinhar um dia; é dançar em frente a outros da forma que nos apetece, mesmo que seja de forma muito sexy; é amar loucamente à frente de uma lareira; é mentir quando sabemos que não prejudica ninguém. Essencialmente é isso. Sermos nós, sempre.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

(Chamar a) Música

Quando tinha aí uns 6/7 anos, ouvia Xutos e Pontapés. Houve um tempo que ouvi Britney Spears, Backstreetboys, Anjos. Dançava e cantava loucamente cada refrão. Tinha uns 12 ou 13 anos. Não me importava que no futuro pudesse ser parolo. É. Mas interessavam-me aqueles momentos, a compra e a excitação de um cd novo, as horas a ouvir, a dançar, a sonhar, a lamentar. Depois, aos 15, quis ser rebelde. Eram os Limp Biskit, os Linkin Park. Depois veio a onde depressiva com os Evanescence. Mais ou menos ao mesmo tempo, a paranóia com o Robbie Williams. Depois dei um pulo e percebi que a Mtv não era o melhor veículo de informação musical. Começei a pesquisar, a debater, a partilhar. Chego ao ponto de, neste momento, partilhar imenso com o meu irmão, individuo com menos sete anos do que eu, imberbe adolescente que ainda me dá beijinhos e que já tem um gosto para a musica do caraças.
Ao longo de tanto tempo, percebo que os clássicos serão sempre os clássicos, como os Beatles, os Nirvana, o Rui Veloso, o Vinicius, o Caetano Veloso, a Mafalda Veiga, a Amália Rodrigues, os Dire Straits, os Rolling Stones, os Guns'n'roses. São discografias boas, intensas, letras com alma, sem os excessos do marketing, vozes sublimes. E que os Muse, os Coldplay, os Oasis, os U2 podem ser imortais se não se renderem demasiado ao comercial. É isso que estraga e estragou muitas bandas e artistas promissores: renderem-se ao comercial. E o comercial não é (só) o que passa na Mtv ou na rádio. O comercial é tudo o que é para agradar a massas, é só melodia sem Música. Irrita-me a Lady Gaga, o Justin Bieber. Irrita-me porque me dei ao trabalho de analisar o produto e só vejo embrulho sem presente. Mas isso sou eu, a esquisita.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Posso sempre escrever com as letras certas, os erros não dados, as construções gramaticais perfeitas mas nada é espelho do reboliço dos meus pensamentos. Porque tudo me corre tão rápido, todos os pensamentos aparecem e se cruzam e se intercalam e confrontam e eu concluo ou, em vez disso, recomeça tudo de novo sem nunca existirem conclusões. Uma coisa assim inexplicável porque ainda não conseguem avaliar qual a velocidade máxima que os pensamentos podem atingir. Eu penso sempre rápido. Ou penso que penso rápido. Excepto em dias de sono.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Diário de uma Enfermeira #1

Não é fácil ser Enfermeira. Não é fácil trabalhar por turnos, fazer 7 noites por mês, assistir a mortes, preparar o corpo, ligar à família, etc. E quando misturamos uma semana com oito turnos seguidos, em que fazemos três noites, em que não contamos com uma morte, em que à 01h da manhã estamos a preparar aquele corpo para a morgue, em que desejamos não sermos nós a dar à notícia à família, a nossa parte emocional não pode estar muito bem. Começamos a pensar que nos apetece um emprego das nove às cinco com poucas responsabilidades, fins-de-semana livres, férias programadas, e sem fardas brancas.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ela merece

A minha irmã de coração vai casar. Foi oficialmente pedida em casamento, com direito a muitas surpresas e anel de noivado e tudo aquilo que tinha direito.
Claro que ela merece. E eu fiquei tão feliz que me apetece partilhar com toda a gente. Porque às vezes, o amor vence mesmo, e porque às vezes, vale a pena não desacreditar.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Saudade #2


É como se os dias me empurrassem sem os sentir. Andar metade por mim, metade pelos outros. Não é bem em piloto automático. É mais andar em terceira quando podia andar à vontade em quinta.

Eu juro que há momentos que me esqueço, que não custa. Mas depois vem uma dilacerante forma de pensar que me deixa encolhida e à espera. Porque é que tenho sempre saudades? Que falta é esta, às vezes impossível de suportar sozinha? Esta já não sou eu à muito tempo. Eu nunca fui assim, tão frágil de emoções.

terça-feira, 9 de novembro de 2010


Eu queria saber porque me é tão dificil acreditar nas pessoas, nas promessas and so on. Não sou uma pessoa pessimista nem cinzenta, nada disso. Mas sou um bocadinho descrente. E também preciso de provas constantes de que não vão falhar comigo. É ser insatisfeita? Exigente? Não sei. Sou eu.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Muita sorte?


Muitas pessoas me dizem que tive muita sorte em estar a trabalhar num hospital, praticamente recém-licenciada.

Ora, convenhamos que não foi só sorte. Enquanto muita gente andava na noite a laurear os neurónios e as hormonas, eu ficava em casa a fazer os trabalhos individuais, a fazer os relatórios de estágio, a tentar dormir convenientemente para ir às aulas (quase) todas, a fazer muito mais do que a minha parte nos trabalhos de grupo, a organizar-me para não deixar tudo para a última hora e evitar andar a pedir aos tutores um alargamento do prazo, a estudar para não chegar ao estágio e ficar com cara de parva sem saber respoder às questões colocadas.

Se fiz bem? Não sei. Às vezes penso que devia ter aproveitado mais. Mas depois olho para as três miudas que partilharam casa e aqueles quatro anos comigo, e sei que foi do melhor. A amizade, a partilha, a doidice (muita), os serões, os passeios. E que voltava a estudar da mesma forma. E estudar em si, também estudei pouco, porque para exames e frequências era de vespera.

Portanto não foi mesmo só sorte. Foi uma média que foi boa, foi um esforço muitas vezes inglório, foi algo que dependeu de mim. E foi tudo no ano certo, que coincidiu com o concurso certo. Então, não me venham com coisas nem essa dose de inveja que me tiram do sério. E porque nem sequer é estável quanto parece.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Enquanto me dizias para continuar, eu admirava-te. De entre tantas coisas más que me ensinaste, sempre me fizeste crer que podia incendiar o mundo com qualquer das artes que me fascinava. Como vês, já não sou assim tão poderosa. Ainda bem que desististe de mim. É sempre mais fácil desistir, não tinhas que levar com as minhas frustrações nem que saber lidar com o sucesso. Mesmo que fosses uma peça decorativa para a minha inspiração, isso pouco te importou. E ainda bem. Foi quando cresci.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Historias de amor

Histórias de amor de novela, de livros ou de séries, são sempre duvidosas. Existem demasiadas páginas e capítulos para os amantes se perderem noutras histórias e o final será sempre imprevisível. Por isso gosto de histórias de amor de comédias românticas. Entre 1h30 ou 2h de películo cinematográfica, assistimos ao desenrolar leve de um final feliz.
Desejo então que seja esse o nosso género.

domingo, 31 de outubro de 2010

Se há coisa que não me peçam, é que mude. Peçam-me para fazer um esforço. Apenas isso.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Saudade

A parte boa da saudade acontece quando, finalmente, conseguimos descansar o coração. Quando nos sentimos já tão proximos de a esquecer. E ainda que ela vá voltar, pouco importa. Importa, isso sim, o agora, o momento em que ela faz um intervalo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Eu já...


Às vezes deito-me em dorsal e fico a olhar o tecto (ou as estrelas, quando posso). Eu já conquistei muita coisa. Eu tirei a carta de condução e conduzir dá-me gozo. Eu terminei uma licenciatura numa escola exigente, com boa média. Não tive de esperar muito para o primeiro emprego. Nem lutar tanto para o segundo, que é aquilo que gosto realmente de fazer. Eu fiz erasmus em Oviedo, contra todas as expectativas, e gostei bastante. Já visitei duas das mais importantes capitais europeias e amei. Eu já me senti a salvar alguém e deu-me paz. Eu já escrevi um livro. Eu já tanta coisa.


Mas, acima de tudo, tenho tudo aquilo que não conquistei a pulso e, que de uma forma ou outra, me foi proporcionado. Tenho o meu núcleo familiar. Tenho o amor de uma vida. Tenho poucos mas consistentes amigos. Tenho saúde. Tenho um país que não me obriga a usar a Burka nem é de terceiro mundo.


E apesar de ser uma eterna insatisfeita, no fundo, já tenho mais do que muito. Não teremos todos?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Paris, je t'aime*

Já tenho saudades dos meus Champs Elysees e deixei-os há menos de 24horas. E da Torre Eiffel. E do crepe com chocoloate a contemplar a Torre Eiffel. Se eu podia ser feliz sem esta necessidade de conhecer? Absolutamente não.

domingo, 17 de outubro de 2010

Vou contar-te uma estória

Vou contar-te uma estória. Sem grandes emoções nem floreados, uma estória inventada da vida real. Vou contar-te uma bonita estória de desamor, para não achares lamechas. Uma coisa que possa incluir alguma moral mas sem ser dramática. Uma estória que possas acompanhar com pipocas e eu nem precise pensar muito.
Vou esperar que adormeças. São o tipo de estórias fáceis para adormecer. E quando baixares guarida, vou sair devagarinho. Vais até pensar que foi um sonho. E quando me procurares e nunca mais me encontrar, vais ter a certeza que foi um sonho que não soubeste fazer realidade. É melhor assim.

sábado, 16 de outubro de 2010

Estou cansada

É um sentir que não se sente e torna-se estranho querer sentir e nada. Já sabia que era uma possibilidade mas não acreditava. Olho para mim de fora, e sei aquilo que quero. Sei aquilo que preciso. E sei melhor ainda, o que não quero. Já não disfarço a minha impaciência para com pessoas e situações. Não consigo estar com pessoas ocas, pessoas más, pessoas mesquinhas. E apetece-me tanto rir-me na cara dessas pessoas. Estou a ser prepotente? Não, estou a ser justa. Não tenho de fazer de conta. Passamos a vida a fazer teatro para o politicamente correcto? Poupem-me. Temos de pactuar com pensamentos fúteis? Viver a vida dos outros só porque sim? Viver uma rotina sufocante ?
Estou cansada.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Dói-me o corpo, o tempo vai mudar

Em meadas de conversas, não é incomum surgir algo do género: "Anda a doer-me o corpo, ui, o tempo vai mudar" ou "dói-me imenso a cabeça, é deste tempo de trovoda". Que a Lua influencie marés, muito bem. Que o tempo influencie a nossa disposição, concordo. Mas onde está escrita essa verdade universal que dita que as artralgias ou mialgias são, muitas vezes, consequência de que o "tempo vai mudar"?
É que pessoas insatisfeitas que somos, reclama-se das altas temperaturas porque não se aguenta. Reclama-se da chuva porque é um incomodo. Reclama-se do frio porque nos gela as entranhas. E o tempo, esse conceito abstracto, tão mui nobre tema de conversa de circunstância, vai servindo de livro de reclamações para tudo. Agora é a sua mudança que promove desconforto físico. Digam-me a mim, pessoa das ciências, onde está isto explicado.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Não sei se é mais fácil calar o coração se o cérebro. Se me deixo de influenciar por estórias de encantar ou se vivo tudo com muita adrenalina conforme sonhei. No primeiro caso, fico sem chão e deixo de ser eu. No segundo caso, com muita coragem, deixo de ser quem toda a gente acha que sou e começo a levar tudo à séria. Porqu cada vez mais ou é tudo ou não é nada.

domingo, 10 de outubro de 2010

Às vezes não sei o que é. Se angustia, se cansaço, se desespero. Às vezes é tudo ao mesmo tempo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010


A minha memória alberga lugares que já não existem. Foram vários os sítios onde já fui feliz e onde já não o fui. Lugares que guardavam histórias, que por qualquer razão se auto-elevaram na memória e tinham uma magia qualquer. Já lá não estão. Aceito que as pessoas que desses lugares e dessas memórias fizeram parte, tenham desaparecido ou esbatido. Aceito que esses lugares já não são meus (nunca o puderam ser, realmente). Mas não aceito que já não sobre nada senão lembranças. Que os lugares físicos se tenham transformado. Isso é um atentado à minha sanidade mental, ao meu passado. Quem vai acreditar no que vivi se já nem o chão de pedra lá está? Se a sombra substituiu um lugar de sol imenso?


Quem? E se eu própria me esqueço?

domingo, 3 de outubro de 2010

Eu tenho sonhos. Eu tenho pessoas que são sonhos. E tenho sonhos que vejo serem quase impossíveis. Nunca quis muito da vida. Continuo a não querer. Mas quero afectos. Quero muitos afectos. Quero muitos mimos, quero pequenos almoços na cama, quero cartas, quero poesia ao ouvido enquanto adormeço, quero post-it's com declarações ou letras de músicas, quero guardanapos de papel com frases bonitas, quero gelado com bolacha pronto com carinho, quero beijos na testa quando ficar doente, quero jantares à luz das velas, quero pequeninos presentes espontâneos, quero cartas debaixo da almofada.
Parece que estou a pedir a Lua.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Shopping

Ir às compras sozinha é do melhor. Felizmente sou daquelas pessoas pouco indecisas mas também pouco paciente para andar com pessoas atrás. E assim ninguém se aborrece.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sinais de perigo




Não gosto quando me dizem :"Não tens razões para pensar assim". Se penso é porque houve uma razão. É um premissa básica. Por mais certezas que estejam lançadas na mesa, o mundo vive de metamorfoses. E assiste-se a tantas coisas que é complicado acreditar só em coisas boas. Às vezes, é como se todos os meus pensamentos fossem minados por sinais de perigo.

domingo, 26 de setembro de 2010

Pela Metade


Pergunto-te por onde andas, sem querer saber realmente a resposta. Para quê? Os lugares não serão comuns. As pessoas não serão o eu. Pergunto-te porque acredito que um dia me vais responder que estás ao meu lado, que te posso tocar sem ter de usar a imaginação. Que me vais beijar com poesia nos lábios, sem sombras nem nuvens, nem a sentença de que cedo ou tarde, não vai dar para adiar mais e vais ter mesmo de ir. Portanto não quero saber realmente. Ou é tudo ou nada. Ou estás aqui ou não estás. Ou vais ou ficas. Eu sei que vais porque tem de ser. Assim como eu também vou porque estou a cumprir o meu fado. Cada um no seu caminho certo. Tão díspar, por enquanto. Tão tremendamente díspar que é quase um drama teatral.

Estou a exagerar? Que seja. Começo a entrar numa fase totalmente diferente em que não suporto opiniões de pessoas que não me dizem respeito. Estou um bocadinho cansada do politicamente correcto, dos comportamentos sociais, da exposicão mediática, dos amigos que não são amigos. Quero demais o meu anonimato para poder olhar os outros, para me poder rir dos que vivem e são dependentes de aparência, de moda, de facebook, de centenas de amigos virtuais, da última tecnologia de ponta. Quero rir-me mesmo. Porque isso é viver pela metade. Porque nem sempre o tamanho da conta bancária ou do soutien é directamente proporcional ao nível do grau de altruísmo, de cultura, de bom coração.

Só não quero censuras porque tenho dificuldade em lidar com saudades. Porque as sei tão bem desde há tanto tempo e porque talvez ainda não as conheça nem pela metade. Porque pelo menos eu sei que ainda é possível colmatá-las. Ainda há esperança para que um dia terminem em bem. Mas há pessoas que vivem a saudade por inteiro. E eu prefiro nem pensar nisso.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

2.5


2.5 de Amor, de descobertas, de risos, de lágrimas, de saudade, de distância, de sorrisos, de jantares, de crepes e waffles com gelado, de conversas, de aprendizagens, de palavras, de momentos, de promessas, de certezas, de discussões, de projectos, de mensagens, de mimos, de apertos no coração, de esperas, de expressões inventadas, de passeios, de fotos, de tanto e tão pouco ainda.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

E é tudo.

O teu corpo cheira ao tabaco reles com o qual te conspurcas todo o dia. Sabe-me ao fumo lento, que sobe em espirais e te leva a imaginação. O teu corpo desaparece-me do olhar frequentemente, desaparece-me da saudade, da eloquência do o possuir. Falo sem saber ao certo o que penso, porque tudo é cinza num dia de sol. Porque tudo ficou enevoado e as palavras ainda me batem no cérebro. E é tudo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010


Apetece-me férias. Mas férias a sério, com direito a semana fora, muitas pessoas bonitas, jardins, lojas, rio, museus, fontes, céu azul, pôr do sol, comida boa e diferente, esplanada, roupa fashion, gelados e a sensação única de liberdade.

sábado, 18 de setembro de 2010

Rugas no coração

Cansam-me as depedidas, já o disse e não me deixo de repetir. Eu sei o que pesa a distância. Eu sei que as palavras nunca poderão colmatar a presença física, por mais adequadas e bonitas que forem. Eu sei.
Eu sei que me apetece sempre chorar quando viro costas. Eu sei que cresço quando assassino as lágrimas com um sorriso. Eu sei que os sentimentos podem fortalecer-se com distância. Mas sei que isso pode ser também um cliché. Eu sei que nem toda a gente me percebe. Mas eu sei que alguns que ficam, sentem tanto ou mais do que eu.
Custa o beijo, o abraço e o sorriso último. Custa mais sair do que ficar. Já tenho rugas no coração de tanto que se encolhe quando digo adeus. Se isto vai ter um fim? Não sei. Talvez quando eu crescer a sério e me sentir segura em tudo. Até lá, é um bocadinho de mim que se despede e que perco.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sou como todas as mulheres


Sou como todas as mulheres, não há volta a dar. Gosto de mimos. Gosto de beijos demorados, de abraços sentidos, de cavalheiros, de ser surpreendida, de cartas apaixonadas, de flores, de bilhetinhos, de jantares românticos. E gosto de não ter de dizer tudo, que me consigam ler nas entrelinhas. Mas também sou como todos os homens deveriam ser: gosto de dar.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Beijinhos aqui e acolá...BAH!

Eu não gosto de chegar a um determinado sítio, onde está reunido um conjunto de pessoas, e ter de cumprimentar toda a gente. Beijinhos aqui e ali, e mais não sei onde e a paciência a esgotar-se. É uma perda de tempo, principalmente com pessoas que até se cruzam comigo várias vezes e/ou não são amigos.
Não gosto. Não gosto de andar a esticar-me toda para chegar à pessoa mais do fundo; nem de ficar lambuzada com as pessoas que espectam, literalmente, uma beijoca gordurosa da face. Qual é o objectivo? Não posso simplesmente chegar e dizer : "Ei, tudo bem? Beijinhos a todos" e sento-me. Pronto, assunto resolvido. Vai dar ao mesmo porque a hipocrisia é, quase sempre, a mesma. Às pessoas realmente especiais é bom dar um abraço demorado. Às pessoas que estão longe e raramente estamos juntas, é bom cumprimentar. É bom dizer "que crescida (0) estás"; "estás bonito (a)"; "tive saudades".
Penso que esta alergia vem dos tempos de miuda, nas grandes reuniões familiares em natais e páscoas, onde havia para aí umas trinta pessoas e o cumprimento prolongava-se à chegada e à partida. Não havia direito, eu só queria os meus primos para brincar, não queria cumprimentar meio mundo.
Às vezes a minha atitude pode parecer de antipatia. Não é. Simplesmente não concordo com essa convenção universal. E está tudo dito.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010


Porque é que nós pedimos as coisas, dizemos aquilo que gostamos, quase que imploramos e na hora de dar, o que é dado ou é inexistente ou não tem nada de semelhante com aquilo que pedimos? As pessoas são burras ou quê? É que nem sequer pedimos nada de especial, apenas o necessário para se manterem laços e relações equilibrados.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Já escurece tão mais cedo. Da mesma forma que amanhece tão mais tarde. Há outro outono por aí à espreita. Renova-se o ciclo. Os caloiros chegam à cidade. Os "novos" ou reciclados programas chegam à televisão. O cheiro das castanhas assadas na rua. As romãs. As primeiras chuvas e o cheiro a terra molhada. Os novos projectos. O planeamento de acender a lareira. As folhas mudam de cor. Tanta coisa. E eu só tenho saudades de um verão que não tive.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010


Se me pudesses dizer ao ouvido tudo o que me disseste ontem, todos os dias, o medo tornava-se branco.





terça-feira, 7 de setembro de 2010

"Os Cinco"

Por vezes é bom ler algo muito leve. Uma coisa ingénua, simples, sem falsos moralismos. Algo que nos devolva a sonhos bons. Fiz uma pausa em leituras boas. Vou começar um autor russo e sei que será uma temporada conturbada. Portanto, voltei à infância e começei a ler os "Cinco". Engraçado como a memória a longo prazo é realmente poderosa porque me recordo da essência de cada livro. Li-os mais do que uma vez, é certo. Foi com eles que aprendi que ler, é mágico, que os livros nos podem fazer muita companhia. E já sentia saudades dos quatro miúdos e do cão. Portanto, com a chuva lá fora, não há noite mais mágica do que adormecer a ler, compulsivamente, capítulos e mais capítulos.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

De azul



É de azul que as nossas memórias se enchem. Do nosso azul português, tão vivo que derruba qualquer "blue" depressivo. E não há azul como o nosso. Garanto-te.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010


Tu prometes-me o futuro e eu não sei acreditar. Não sei mesmo. Porque todos os meus medos sempre me fizerem duvidar da estabilidade, dos sonhos. E eu sempre tive e tenho tantos. O meu maior sonho foste tu. Um sonho que não estagnou porque continuas a sê-lo, todos os dias. O sonho que cresce, que abrange sonhos mais pequenos, que aglutina tudo isso, que se tem transformado no nosso sonho. E o nosso sonho passa por essa promessa, por milhares de planos ainda pouco definidos mas desejados. Portanto, para pessoas como eu que vivem no presente mas sempre com um olho no futuro, as promessas têm de ter sinais que serão cumpridas. Ou então crescem os receios.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Amor é

quando nos rimos descontroladamente, sem conseguirmos parar, por coisas tão nossas. Quando através de gargalhadas esquecemos os momentos menos bons e, passo a passo, construímos o nosso sonho. E ainda que nos possamos rir de coisas parvas, fazemo-lo tão espontaneamente que se tornam as coisas mais importantes no mundo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Há dias em que os meus dias têm 48 horas muitos pesadas. Outros que são apenas de 12h, leves, tão leves que passam sem eu dar por isso. E às vezes os meus dias são noites e as noites dias. Inverto os papéis. Inverto ordens e desato loucuras. Porque eu sou louca. Ou talvez tenha um défice sensorial não compensado, que se torna no mesmo. Eu sou louca e tenho taquicardias. O meu ritmo cardiaco assume que eu deva viver sempre com adrenalina a mais. Sou louca e gosto.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Redes sociais

Eu não consigo pereber muito bem como é que as pessoas conseguem encher a sua página pessoal, em diversas redes sociais, com fotos suas, do dos seus namorados/maridos/affairs/amigos coloridos, amigos, filhos, afilhados, sobrinhos, pais, mais amigos, mais foto de biquini, foto ao espelho, fotos de férias, fotos no local de trabalho, fotos de todas as saídas à noites, fotos dos últimos casamentos, etc... São assim uns pensamentos a modos que "Olhem para mim, sou fantástica (o)", "Tenho o melhor rabo do mundo sem celulite", "Gostam dos meus últimos Ray Ban?" "Tenho imenso sucesso, vejam onde passei as últimaS férias"; "Tenho o vestido mais bonito", "O meu namorado é o melhor do mundo".
Todos nós passamos por fases, eu já tive a minha, há algum tempo, ainda o hi5 era o protótipo das redes socias. Depois uma pessoa cresce. Começa a perceber que o melhor do mundo, não é tirar fotos para mostrar o quão especial é. O melhor mesmo, é viver os momentos e sentir-se especial, sem necessidade de o impingir aos outros. Não é preciso mostrarmos todos os nossos passos, se sabemos o quanto valemos, porque temos a necessidade de o testar pelo número de comentários?
E é isto, hoje. É que não entendo. Ou talvez entenda que a auto-estima seja uma coisa que necessita de ser estimulada. Deve ser isso.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Pormenores


Eu gosto de pormenores. Dos pequenos nadas que nos deixam de coração tão cheio que achamos que podemos morrer naquelo momento. Gosto quando as pessoas se lembram dessas pequenas coisas, quando recordam comigo pormenores que eu pensava só eu guardar. Gosto quando me surpreendem, com esses pequenos ratalhos com que podemos construir uma manta de afectos seguros. Porque existem tão poucas pessoas assim? Porque razão só queremos e só nos lembramos dos grandes feitos, das grandes acções?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O corpo treina-se. O cerebro exercita-se. E o cansaço, ignora-se? Finge-se que depois se compensa? Sempre depois? Vive-se sempre em função desse depois que nunca é agora? O futuro é-me tão repugnante como a ideia de viver sem ele, o que é uma contradição. Voltam as antíteses aos molhos.

sábado, 7 de agosto de 2010

É um dia de inverno


Tu gritas para que olhe à direita que está sol. Mas eu devolvo-te o olhar sem obrigação, porque a nada me obrigas que não seja sobreviver. Do meu lado também está sol. Sabias? Mas estamos no inverno. E num inverno com letra minuscula porque o novo acordo ortográfico assim o dita.

Que interessam as regras gramaticais se me apetece que seja verão e é inverno? Porque não partilhas do teu verão comigo? Um pouco de luz quente que me esconda da metafísica. Sim sim, eu sou a metafísica que o Fernando escreve. Mas sou mais ainda mais uma metáfora. Tu é que não percebes nada. Tu estás no verão e eu no inverno, já viste que diferença rotacional?

Tu só sabes discutir assuntos que não transcendem as frivolidades. Cansa-me a tua ignorância. Tu não vês que estamos em planos diferentes? Mas fazia-te bem a metafísica. Só precisavas de crescer, ou de mudar de estação. Cansa-me a vida, de vez em quando, porque me cansa a superficialidade. Que estações estas. E que pessoas, estas. Cansa-me. Tudo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Férias

Sinto saudades das férias em família. Principalmente das grandes viagens de carro pelo ribatejo, da descontração, do inesperado, do calor. Dos dois ultimos anos e a aventura por espanha, pelas horas e estradas vazias pela madrugada dentro. Pelo cansaço de chegar e pelo prazer de partir. Pelos almoços leves, pelos lanches que nos sabiam tão bem em plena praia. Pelos passeios nas marginais à noite. Pelos gelados enormes. Pelas manhãs que começavam às 8h com um longo passeio à beira-mar. Pelos risos, pelas pessoas que conheciamos sem conhecer. Pela noite que antecedia a partida e que demorava a adormecer pela excitação. Pelas fotos, imensas fotos. Pelos castelos que conheci e pelas areias que caminhei. Pelas conversas sempre calmas. Pelos jogos.
Este é o Agosto mais diferente da minha vida. Não é mau. Mas as férias bem que chegavam rápido.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Eu já escrevi bem sobre o amor. Escreve-se sempre bem quando se ama platonicamente. Quando se sonha de coração no vento. Quando enchemos os pulmões de ar e expiramos sonhos. Mas os amores reais, apesar de sinceros e concretos, são menos atraentos do ponto de vista literário. Os amores comuns não se perdem em adjectivos e grandes floreados. E não deixa de ser engraçado, sem nenhuma explicação aparente.

domingo, 1 de agosto de 2010

Não sei o que custa mais. Se as despedidas ou as grandes ausências. Ficou um silêncio ensurdecedor agora. Um vácuo. Não sei se vou sair deste letargia porque não me apetece encarar que será mais uma semana, logo uma semana inteira, quando estes ultimos dias foram tão cheios. Um dia, mato a pessoa que inventou a distância. Hoje ainda não é o dia.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Alguém se recorda de OC? É que assim, de repente, numa pesquisa de música no youtube, encontrei imagens da série. E deu uma saudade imensa. Era uma série básica, vá, estilo morangos com açúcar mas muito melhor construída, argumento bom, histórias cativantes, glamour q.b. e uma optima banda sonora. Foram muitas as peripécias, algumas lágrimas, e o fim à Hollywood. Foi a primeira série que segui na Fox, depois vieram Donas de Casa Desesperadas e agora vejo o que me apetece no computador.
Outros tempos, outras idades, mas não deixará nunca de ter sido especial.

sábado, 24 de julho de 2010

Pessoas


As pessoas não sabem viver. Não sabem aproveitar nada da vida. Não sabem deixar de pensar em dinheiro. Não sabem amar na totalidade. Não sabem agradecer os bons dias. Não sabem ajudar. Não sabem!

As pessoas são imperfeitas e vivem essa imperfeição como uma cruz, um fado qualquer que nos corre nos genes. Quando são felizes, só têm medo de perder a felicidade, não sabendo aproveitar tudo isso. Por alguma razão não somos Deuses. Mas levamos esta premissa demasiado a sério.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

"O Amor é para heróis". Perante tamanha frase, pouco haverá na literatura, mais a acrescentar.

in, Valter Hugo Mãe

terça-feira, 20 de julho de 2010

To my twin #2


Hoje vai ser com batatas fritas que me vais curar o coração. Tal como ontem, com risos a meio da noite e palavras certas. Eu sei que vai ser bom. Como da outra vez, num fim de tarde de domingo, com a luz lunar a entrar pela janela do tecto e as nossas músicas. Hoje sei que vou adormecer feliz. É só disso que preciso.

domingo, 18 de julho de 2010

As pessoas morrem

As pessoas morrem, é uma verdade válida. Mas o pior é que, muitas vezes, não são as pessoas. São "o da cama 2" ou "a da cama 14". As pessoas morrem e diz-se que já vai em boa hora, já tinha idade. Mas isto agora temos um prazo de validade marcado em alguma parte do corpo menos visível? Género do numero de chassis mas com data? As pessoas morrem e a vida continua. Não há tempo para questões nem luto. As pessoas morrem e nós assistimos na plateia, batemos palmas e saímos de cena, para o conforto das nossas pessoas que, um dia, também nos podem deixar. E aí, continuam a ser o "doente da cama x"?

sábado, 17 de julho de 2010

Prometes?

Qual é o valor de uma promessa? Todo. Eu sou à moda antiga portanto ainda acredito que quando prometemos algo, cumprir é a única forma de agir. Prometemos amor eterno, prometemos palavras, prometemos ir ou voltar, prometemos curas, prometemos o céu. Às vezes falta-nos é a noção exacta daquilo que estamos a dizer. Porque existem coisas impossíveis e, na volta, mais vale não criarmos uma falsa segurança.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Às vezes, no meu coração, encontro-lhe uma ferida. Não é só uma perda de tecido superficial. É um buraquinho que se afunda no miocárdio, pericárdio e já lá dá para ver o endo. Aparentemente pequeno mas o suficiente para deixar fugir coisas boas, que vêm lá de dentro. E não há soro que lave as tristezas, nem placa hidrocolóide que, aos poucos, vá restituindo a integridade muscular. É algo crónico, que às vezes deixa de doer ou que anestesio com doses de esperança e um grama de optimismo. De cada vez que lhe quero fazer o penso, o mesmo acaba por sair, mais cedo ou mais tarde. Ou isso ou não escolho o melhor tratamento e acabo por não ter resultados positivos nenhuns.

Não sei classificar a ferida. Porque ainda não inventaram graus para feridas no coração. Também não sei quantificar a dor, dizem que o coração só dói quando para. É uma confusão, esta medicina. Mas descobri que, quando tenho ajuda para fazer o penso, as coisas evoluem. E descobri que deve ser sempre assim, para que volte a ficar com o coração íntegro.

A maior parte das pessoas tem feridas no coração. Às vezes mais do que uma. E cicatrizes? Essas existem sempre. Mas nem sempre os tratamentos que se experimentam são os melhores. E ainda há muito para evoluir.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Estava a ouvir Yann Tiersen e só me lembro da Amélie. Gostei imenso do filme. Deve ter sido por isso que comecei a gostar de filmes que até à altura, não suportava. Porque eu sempre fui muito de filmes de acção. Agora acho-os um bocadinho ocos. Preciso de filmes com conteúdo, que tenham um objectivo, um ensinamento. Sou uma eterna aprendiz. Gosto mais [de mim] assim.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Eu já conheço estes silêncios bem demais. Tirei doutoramento no assunto há uns anos, com direito a tese e estágio. Com a diferença de que as personagens fazem (faziam) silêncios de forma diferente. Porque o silêncio tem muitas variantes, assim como as pessoas.

quarta-feira, 7 de julho de 2010


Está um calor que não se aguenta (e eu gosto de calor) e praia, nem vê-la. Mas não são só desvantagens. Evito queimaduras solares, desidratações, cabelo espigado and so on. Quer dizer, não que eu não preferisse o cabelo loiro nas pontas e um ou outro escaldão mas há que olhar sempre pelo lado positivo, certo? E parecer uma lula de tão branca que estou, então é que é giro. Setembro, chega rápido, sim?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Eu gosto quando te aconchegas no meu peito.

sábado, 3 de julho de 2010

Eu gostava de um dia tirar uma segunda licenciatura na área de jornalismo, literatura ou comunicação. Gostava e sei que o devo à pessoa que mais me inspirou a escrever, com quem mais me identifiquei nos ideais, que me fez venerar Pessoa e me mostrou o meu outro lado ao espelho. Um dia, dedico-lhe um livro, ela merece, porque ser professora é muito mais do que ensinar.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O meu irmão vai sair à noite, a primeira vez. E disse apenas: "Logo vou sair, podem ir levar-me?" Só eu andava uma semana inteira a tentar pedir aos meus pais e era a muito medo que o fazia. Enfim.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Gosto quando acabo um livro. Principalmente um livro difícil, que me deu vontade de desistir nos entretantos. Ao longo do tempo deixei de lado os romances do género Nicholas Sparks e Paulo Coelho. É com tristeza que olho a minha pequena biblioteca e descubro que dispendi algum dinheiro em livros desses. Shame on me, eu sei. Mas eram outras idades, outras buscas, outras necessidades minhas. Agora sou muito mais selectiva, mais critica, o que faz com que raramente encontre livros que me dêm êxtases mentais. E fico triste porque, por enquanto, Lobo Antunes pouco me diz. Mas isso é com o tempo. Eu acredito que sim. Acredito que daqui em diante, vou continuar a apostar cada vez mais em livros dificeis. Não sou fundamentalista, não há boa nem má literatura. Mas há autores e géneros que já nada me dizem, que são só para encher prateleiras nos hipermercados. Mas isto sou eu, a esquisita.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Meu amor...?

Eu não gosto quando as pessoas chamam "meu amor", "minha querida", "meu anjo" e expressões semelhantes, a conotar afecto, a todo e qualquer ser humano que conhecem. Não gosto e faz-me espécie. É uma questão de respeito, de bom-senso, de sermos verdadeiros para o outro. Faz-me confusão chamar "meu amor" aos utentes que cuido. Posso gostar de conversar com eles, de aprender com eles e posso até desenvolver alguma afinidade mas "meu amor" é sinal disso mesmo, algo que amo e que, de certa forma, me pertence. E eu não amo quase ninguém, muito menos essas pessoas. E às vezes penso que é uma hipocrisia, uma forma de parecer que nos preocupamos para além do contexto, que entramos em uníssono emocional quando na verdade, é uma coisa de momento, uma expressão oca que nada diz, que só nos faz parecer bem.
[e eu gosto de ser, não parecer]
E depois aquelas relações de amizade onde se verbaliza o "querida","linda","amor" (...) a toda a lista telefónica que se mantém nos telemóveis. Que sentido faz isso? Que sentido faz, estereotipar todas as pessoas e relações? Usufruir de expressões só para parecer que somos as pessoas mais queridas no mundo? Que falta de carisma sermos tão lineares, tão previsíveis, com tão pouca imaginação. É mais ou menos como dizer o "amo-te" a alguém, mal a acabamos de conhecer.
Para mim não dá. "Meu amor" há só um e ele sabe. E é exclusivo, de forma a não tornar a expressão banal. Porque ao tornamos as expressões banais, tornamos os sentimentos cliché. E depois queixam-se do mundo egoísta em que vivemos.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

E por falar em cartas


Eu tenho a mais bela carta de amor. Tenho mesmo. Escrita com caneta azul, com uma letra miudinha, num papel transparente, do género papel vegetal. Eu tenho essa carta e leio-a algumas vezes por ano. Não muitas, para não estragar. A carta foi escrita há uns cinco anos. E, no entanto, nenhuma mais conseguiu superá-la. Não é uma carta de correio, nem uma carta de desculpas. Não é uma carta com novidades ou uma declaração estonteante. É uma carta de amor, simples, com um "amo-te" sentido a cada letrinha escrita. É uma carta de amor pura, daquele amor que não espera retorno mas que sabe elogiar, que soube fazer-me a pessoa mais sortuda por recebê-la. Eu tenho essa carta, de entre tantas outras. E foi um amigo que escreveu.



P.S. A carta é transparente para "ressaltar a tua simplicidade e pureza".

domingo, 27 de junho de 2010

Vou sempre ver se é desta que uma carta me é deixada debaixo da almofada. Ou na escrivaninha. Ou um mero post it no espelho. Nada. Ninguém me mandou ler romances na adolescência.

quinta-feira, 24 de junho de 2010


Que nenhum relógio do mundo pare. Que entrem todos em sintonia para que as horas não se atrasem. Hoje espero feliz e afago cada hora com uma intensidade taquicárdica. Não é preciso avançar rápido. É preciso que chegue, sem atrasos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Somos tão ínfimos, tão insignificantes, tão assim. E a doença é o pior inimigo do ser humano, não me venham com coisas. Só gostava que me passasse sempre ao lado. Vou rezar, é isso que me traz conforto.

segunda-feira, 21 de junho de 2010




Eu guardo imensos rascunhos. Muitas das pessoas que por mim passaram, são rascunhos. Com elas deixei palavras que nunca conheceram luz. Muitos dos acontecimentos também se ficaram por papéis velhos. Mas eu nunca quis ser rascunho. Passei-me a limpo. Portanto não utilizo mais as meias palavras. E, para ti, nunca te escondo palavras. Já não te escrevo à um ano. Mas há dois que deixei de guardar coisas sem sentido. Tudo o que sou na escrita, está aqui.
As imagens nunca me saíram da cabeça. A Meredith desiste de viver e deixa-se afundar. As imagens são da minha série preferida. Mas, afinal, o que leva uma pessoa a deixar-se assim? Qual o desespero? Qual o desespero quando queremos desistir de algo que tanto gostamos? Já não falo da vida porque, acima de tudo, ela e tantas outras pessoas desistem delas próprias, não de viver.
Quando desistimos de nós, resta o quê? Quando desafiamos os sonhos e as pessoas em prol da nossa angústia, resta o quê? O quê? É que às vezes apatece-me fazer isso. Naqueles momentos menos bons, que cada um tem. Desistir de tudo o que me dá trabalho. E o meu coração às vezes, prega-me sustos porque também ele quer desistir do trabalho dele. Mas eu posso desistir de mim e das pessoas, nunca da minha vida. Portanto amigo musculo cardíaco, aguenta-te pelo menos, uns sessenta anos, ok?

domingo, 20 de junho de 2010


Hoje não é domingo. Quando se trabalha ao fim-de-semana, não é, exactamente, fim-de-semana. Passam a não existir as rotinas familiares, as horas muito fixas. Hoje não é domingo e amanhã não será segunda-feira. Esta é a parte boa. Quando não há domingos, as segundas deixam de ser vistas como o re-início da semana, não há traumas para voltar ao trabalho. Isso e o facto de não existirem despedidas às quatro da tarde. Porque as despedidas são mais difíceis do que tudo o restoe a pior parte dos fins-de-semana em casa.

quarta-feira, 16 de junho de 2010


















We always have Paris.



[Casablanca]

terça-feira, 15 de junho de 2010

Para que as palavras não me fujam, comprei um caderno de notas, género de um Moleskine. Porque ás vezes, no meio da multidão, elas afloram-me os pensamentos e deixo uma post-it mental para as anotar mais tarde. Nunca mais me consigo lembrar, escusado será dizer e, como não gosto de perder nada, mesmo que o nada não seja importante, vai de arranjar uma solução. Mas não é só isso. É uma forma de me obrigar a escrever. Ando preguiçosa para as palavras, para algo que sempre me trouxe conforto. Ou isso ou insegurança.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A poesia morreu-se-me. Mas vou-lhe fazer manobras de reanimação.

domingo, 13 de junho de 2010


Eu admiro as pessoas que vivem sozinhas. Ou são muito corajosas e independentes ou muito parvas. Não há vontade para cozinhar grandes pratos sozinha (eu sou incapaz de jantar leite com cereais, no minimo uma sopinha e fruta), não há vontade para ver séries e filmes sozinha, não há ninguém para falar desenfreadamente, alguém que nos possa socorrer se nos engasgarmos ou levar-nos ao hospital. Pode-se ficar a agoniar durante horas, morrer e só darão por isto um ou dois dias depois. É horrível. Não fossem os telemóveis e a internet e seria uma tragédia. Eu falo por mim, que não vivendo sozinha mas encontrando-me deslocada por questões laborais, e por partilhar os meus aposentos com uma amiga que também faz turnos, me vejo obrigada a passar agradáveis serões sozinha. E eu até gosto de estar comigo mesma, mas a civilização sabe-me bem.

sábado, 12 de junho de 2010

Ás vezes choramos tudo de uma vez. Anda-se um tempo a aguentar as comportas, vai-se disfarçando, vai-se esquecendo. Mas chega um momento em que, normalmente, por uma coisa tão pequena, chora-se tudo o que houver. E, quando parece que não há mais água nos reservatórios, eles voltam a encher e fica-se ali a agoniar, de forma mais ou menos audível, com mais ou menos motivos. Porque motivos há sempre.
Eu sou assim. E quando choro desalmadamente (palavra esquisita, esta), fico com a cara às pintas e manchas vermelhas, qual palhaço sem jeito. Mas vai chegar o momento em que não há mais nada. Em que se pára, em que nos conseguimos consolar a nós próprios e conseguimos ser felizes sozinhos. Mesmo que seja já ao nascer do dia porque o que interessa é que somos auto-suficientes para isso.

sexta-feira, 11 de junho de 2010


Sempre que viajo no IC, dá-me vontade de só parar mesmo em Lisboa. Voltar a viver ao segundo, voltar ao jantar no indiano, ao Peter, a palmilhar a cidade à noite, a visitar o Bairro Alto. Dá-me vontade de aventura, de historias minhas, só minhas, de sonhos. Lisboa fascina-me assim.

terça-feira, 8 de junho de 2010


O homem senta-se no final do seu dia. Senta-se em cima do seu mundo, em suspenso, e acende um cigarro. É o fim de uma batalha, nunca da guerra. É o fim, de um meio, ainda. O homem pode ser o Homem. O cigarro pode ser um livro, a cozinha, a musica, as novelas, o sexo. O mundo funciona da mesma forma em todos os locais. O fuso horário difere, a cultura difere, o clima difere. A essência permanece, os lugares comuns. A imprevisibilidade conjuga-se com a rotina. Parece impossível? Não é. Nada é impossível.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Como ser a pessoa mais bimba do dia?

Casar-se no registo civil com uma pessoa do mesmo sexo, um batalhão de jornalistas e, na hora de confirmar o casamento, não saber as palavras exactas e necessárias. E ainda dizer algo do género: "então, onde é que isso tá escrito que eu não sei? a rir-se imenso, como se aquilo fosse uma anedota. Pois, realmente pareceu uma anedota. Nada contra os casamentos homossexuais, mas brincar desta forma? Se já esperavam à tanto tempo, bem que podiam ter aquilo decorado que era a coisa mais simples do mundo ou, pelo menos, não tornar o momento num circo. Foi de muito mau gosto, uma completa falta de chá (expressão bimba, esta, para enfatizar mais a coisa).

domingo, 6 de junho de 2010

Posso ser a única pessoa do mundo que não suporta o Cristiano Ronaldo e o Mourinho? Se são bons desportistas, óptimo. Se são boas pessoas? O primeiro parece-me superficial e o segundo arrogante e egoísta. Dispenso tanta publicidade como forma de dissimular as verdadeiras necessidades do país. O futebol sempre foi uma boa distracção, por alguma coisa o IVA só subiu nesta altura.

sábado, 5 de junho de 2010




Às vezes queremos tudo de uma só vez. Queremos sonhos realizados, projectos cumpridos, tempo para tudo. Queremos acelerar os acontecimentos, saltar etapas, ser perfeitos em tudo. Queremos ser felizes, como se tudo dependesse de um final qualquer. A culpa é dos livros que nos liam em crianças, coisas hediondas como a Branca de Neve, Cinderela ou a Bela Adormecida. Não é dos contos em si, é daquelas expressões ridículas do "Felizes para Sempre". Posto isto, procuramos desenfreadamente esse final, onde tudo será certo, onde os sentimentos negativos não existem, onde vamos ser felizes todos os dias, todos os minutos, para esse "sempre". Só que eu não percebo esse sempre. Eu também gostava de ser feliz assim mas não vai existir esse ponto sem retorno onde tudo estará feito e só vai restar ser feliz. Porque se pensar nisso, vou pensar que estagnei, que a vida não tem mais sentido nenhum. Quero ser feliz com tudo o que vou realizar daqui em diante. Quero ser feliz se me renovarem o contrato por tempo indeterminado e no dia em que me pedirem oficialmente em casamento. Quero ser feliz no dia que disser o sim a uma vida em conjunto ou no final de um mestrado ou especialidade. Quero ser feliz se conhecer Barcelona, Roma, Nova Iorque, Rio de Janeiro. Quero ser feliz se for mãe. Quero ser feliz se o meu irmão se casar. Quero ser feliz se conseguir dar aulas numa universidade. Quero ser feliz se os meus pais completarem 25 e 50 anos de casados. Quero ser feliz se os meus avós completarem 75. Quero ser feliz se os meus amigos conseguirem ser felizes. Quero ser feliz se conseguir comprar um carro. Quero ser feliz se editar livros. Quero ser feliz se for sempre saudável.


E digo sempre "se". Porque eu sonho muito mas não deixo de estar bem segura à terra. E porque sei que a felicidade é efémera. E porque tenho de aprender a esperar, a levar as coisas ao meu ritmo e não ao dos outros. Porque já sou feliz, apesar de tudo.

quarta-feira, 2 de junho de 2010




Amanhã é feriado e eu faço dois turnos, basicamente? Ainda não tinha pensado nisso.

terça-feira, 1 de junho de 2010



Estou a contar as horas, como sempre. Talvez com mais intensidade. Estou a pensar que ainda me faltam três turnos. Que ainda me faltam duas viagens. E a ti uma. Que uma imensidade de precalços podem acontecer e evitar aquele abraço, aquele beijo. Estou assim, a pensar que é tudo imprevisível e a sentir os sonhos apertados.

segunda-feira, 31 de maio de 2010


Escrever bem é essencial. Não é necessário um grande floreado, expressões de tirar o fôlego ao Lobo Antunes. Nada disso. É preciso escrever bem, sem erros e, de preferência, com a pontuação correcta. Andamos na escola para quê? Eu sei que o Saramago ganhou o prémio nobel e escreve sem pontuação. So what? Fica-nos bem, acreditem. E ajuda o nosso emissor a entender o que queremos mesmo dizer. Portanto, não inventem porque, para isso, parece que há um Acordo Ortográfico sem sentido e já basta de criatividade. Nem envergonhem o Fernando Pessoa, que deve estar lá no túmulo num completo Desassossego.

domingo, 30 de maio de 2010


Tenho olheiras. E sono. E saudades dele. E dois dias de folga. E vontade de praia.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um dia, esqueço a regras de bom-senso, toda a doutrina cristã de uma vida [especialmente o quinto Mandamento] e mato a distância. De uma forma turtosa, que é para servir de lição.

quarta-feira, 26 de maio de 2010




Faz hoje um ano que Londres passou a ser real. Um ano é muito tempo. Ou isso ou a Terra tem acelerado na sua órbita em torno do sol.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Eu de política percebo pouco mas de crise...

Pois é. De política percebo pouco e só não percebo mais porque nem sempre tenho o pai ou os amigos à mão para fazer perguntas e nem sempre posso comprar as revistas que melhor me colocam actualizada. Porque os telejornais deixaram de ter o rigor de antes e se preocupam demais com jornalismo sensacionalista. Porque me sabe bem desligar do mundo e ficar perdida nos livros. Infelizmente a minha geração peca por isto. Andamos todos na nossa vida, pensamos todos que a democracia sempre existiu e que os partidos políticos são todos iguais. Nem todos são iguais e dentro deles temos pessoas imensamente diferentes.
Mas que nos últimos tempos a política tem-se afastado dos comuns mortais, é uma realidade. Já não há transparência, confiança, reconhecimento do trabalho. Estamos em crise mas não só financeira. De valores, essencialmente. De identidade. De sanidade mental. Porque o comodismo, o egoísmo e os bens materiais dominam tudo. Porque se torna necessário pedir empréstimos para comprar televisões, máquinas de levar roupa e para viajar. No tempo dos meus avós, havia rádios e a roupa era lavada à mão e estendida nas cordas. E as viagens faziam-se a Fátima uma vez por ano, se ouvesse dinheiro. Estamos em crise? Estamos pois e por uma grande maioria de idiotas que não sabem gerir dinheiro, desde políticos a gestores e pessoas comuns.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O livro da Sophia constitui uma prova de que fomos real. De que me adivinhavas e de que me lias como ninguém E contigo sempre fui sincera. Quando me perguntaste se já tinha andado para a frente com o livro, lembrei-me da tua outra pergunta. [O que te vês a fazer aos cinquenta anos?] Do alto dos meus vinte anos, quando ainda sonhava demais e pensava que haviam mais pessoas como tu, disse-te que me via a escrever ininterruptamente num lugar à beira-mar. Tu sorriste. Hoje já não sei. E isso custa à séria. Portanto, é melhor mentir-te para que não te desiludas comigo. Mais do que o que já te desiludiste. Para que ainda me vejas como a miúda de caracóis espontânea que nos primeiros dias de estágio juntos, achaste logo que podias confiar. Para que me voltes a contar os segredos das árvores e as tuas conquistas amorosas. Para que adivinhes que gosto de chocolate quente e acertes com os meus gostos musicais. Os amigos são para isso.

sábado, 22 de maio de 2010

É apenas um lugar comum chamado vazio. Num instante eu vi tudo. Toda uma existência para a frente. Eu que era de passados comecei a ver e ser de futuros. E foi algo tão diferente, tão assustadoramente real, tão parecido, tão cinzento. Pela primeira vez, as palavras fizeram-me transportar para algo tão imperfeito. Eu não peço assim tanto. Peço amor de poesias e não amor de novelas. Peço gestos simples e não provas de amor. Peço palavras e não uma grande casa, um bom carro e uma aparência que é tudo aquilo que mais desprezo. Peço-me a mim e à minha candura. Quero-me de volta, com sonhos bons, inocência. Devolve-me.

quinta-feira, 20 de maio de 2010


Tardinha de praia, pouca gente devido a ser dia útil e mês de Maio, areia a escaldar e um mar assim para o calmo, água morna. Um bom livro e eu. E o mp3.


Era bom era. Em vez disso, há turno da tarde para fazer. E não, não dá para ainda ir aproveitar um bocadinho da noite com uma boa caipirinha, após o horário laboral. Amanha há mais turno a começar às 8h e há que prevenir olheiras e descansar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010


Eu não sou sempre aquilo que escrevo. As palavras são minhas mas nem sempre são o eu. Existem demasiadas coisas que guardo só para mim, coisas desse lugar encantado chamado experiencia ou vida. Há demasiadas palavras que, conjugadas, não fariam sentido para quem me lê ou talvez levasse a conjecturas falsas, meramente hipoteses para as quais não poderia nem queria justificar.


Sim, grande parte daquilo que escrevo sou eu. Mas nem sempre tudo. E às vezes, misturo realidade e ficção, numa dualidade improvável mas mágica, que me permite imaginar e sonhar com direito a bibliografia. Mas quando sou ortónima em essência e escrita, é aí que me liberto. E é desafiante essa liberdade, poder escrever o que sou.


Um dia vou ser capaz de usar uns daqueles sapatos fantásticos da zara, com 15 cm de salto fino, lindos, lindos, lindos e que me fazem sentir bem lá no topo, literalmente.
Hoje não foi o dia.

segunda-feira, 17 de maio de 2010



Fossem todos os dias de sol. Cá dentro, principalmente, no lugar dos afectos. Fossem todos os dias de esplanadas e almoços leves, seguidos de gelados e muito descanso. Descanso de palavras sem sentido que nos deixam cicatrizes pequeninas nas memórias, descanso das saudades e da distância, descanso das preocupações, dos medos, das inseguranças, descanso das vezes que sou eu e tu e não nós.
Fossem todos os dias uma combinação de sol e calor e sonhos. Pode ser que com as temperaturas mais altas, seja mesmo.

domingo, 16 de maio de 2010

Os meus segredos são iguais aos de toda a gente normal. E não me convençam que haja alguém que não tenha segredos! É impossível. Não precisam ser segredos de sangue, de morte, de culpa. Os meus são pequeninos mas são bons. São meus. E às vezes nem o são bem porque os posso partilhar com alguém que merece, escondendo-os de quem não os entende. É bom partilhar algo, dividir medos e expandir alegrias. Mas e, volto a frisar, com quem realmente possa entender tudo isso. E já poucos sabem guardar segredos. Já são poucas as pessoas que não resistem a partilhar coisas básicas, fantasiando, aumentando-lhe pormenores, metamorfoseando tudo.
A culpa é da globalização? Não. É de cada um de nós.

sábado, 15 de maio de 2010


Falta-nos por vezes em obras e gestos, o que no sobeja nas palavras. Falar sempre foi fácil, argumentar, mostrar a lógica através do diálogo, prometer, tudo conceitos abstractos que as palavras são. Mas passar a actos concretos, justificar o que dissemos com pormenores palpáveis, visíveis, arriscados até, é que se torna o cabo das tormentas.


sexta-feira, 14 de maio de 2010

Não fossem já as saudades um martírio. E custam sempre mais no início porque depois, vem o hábito.

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Hoje uma familiar de uma utente minha queria pagar-me um café com 5 euros para me agradecer a dedicação.

Hoje evitei as lágrimas de outra utente minha com brincadeiras parvas e muitas conversas.

Hoje na rua, ao passar pelo cão do meu vizinho, achei que o cão me tinha sorrido.



Hoje é um bom dia para adormecer feliz.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Miúdos

Nós costumávamos brincar juntos. E discutir juntos. E tocar às campanhias das outras casas juntos. Eu não sei como te conheci. Vejo as fotos de quando era bem pequenina e tu já lá estás. Festejaste comigo o meu segundo aniversário. São os registos mais antigos que tenho. Eu usava totós e tinha um sorriso tão bonito. Tu usavas uma camisa azul escura e estavas ao colo de alguém que agora não me recordo. Chegavas a minha casa sem bater à porta e a minha avó dava-te o lanche. E eras como um irmão para mim. Uma vez, numa daquelas discussões de miudos, iamos a correr pelo terreno que agora é a minha actual casa e eu caí em cima de uma folheta de alumínio. Chorei imenso e ainda tenho uma cicatriz na perna. E tu, tão preocupado comigo, já sem uma réstia da chatice que nos tinha feito ter aquela briga.
Lembras-te quando o meu pai nos queria ensinar a ler? Tu baldavas-te sempre. Era ouvi-lo chamar-nos e tu desaparecias para tua casa. Fazias batota e, mesmo quando depois te escrevia o meu nome na tua mão, orgulhosa, tu não querias saber de letras. Nós queriamos liberdade. E tínhamos. Apesar de todos os avisos que nos davam, nos tinhamos aquela liberdade desafiante, própria dos miudos inconsequentes.
Depois crescemos. E deixámos de ser vizinhos. Mesmo assim, quando lá passavas à porta, chamavas-me. Crescemos mais e tu dizias que gostavas de mim. Hoje não sei bem de ti. Mas tenho saudades dos nossos bons velhos tempos.

domingo, 9 de maio de 2010

e eu amei-as.

As tuas palavras eram poesia mórbida. As tuas palavras matavam-me sem eu dar por isso porque, para mim, eu achava que vivia mais intensamente através dos nossos diálogos impossíveis. Eras manipulador e usavas algo que sempre venerei para atiçar os meus pensamentos. Apaixonei-me por elas, pelas palavras que achava tuas. Nunca foram. Nunca foste tu, sequer. E agora sei-as feias, negras, qual buraco negro que me levava em devaneios e me fazia levitar sem sair do chão. Agora sei-te assim porque mudaste. Porque já falas como os comuns mortais e, embora perdendo todo o encanto, és real, homem sem deus, partitura de uma musica banal. És assim. Sempre foste. Menos as tuas palavras e eu amei-as.