segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Eles


Eles foram dois corpos sem forma que um dia renasceram juntos. Foram dois corpos que nunca souberam comunicar, mesmo que falassem entre si. Corpos que nunca se misturaram, que nunca souberam dançar a melodia dos amantes tardios. Que nunca se souberam esperar. Nunca souberam mais nada do que o orgulho. Eles foram sempre dois, as suas histórias nunca foram A estória, porque nunca souberam ser menos que dois. Queriam ser muita gente quando era esse o segredo, ser apenas um. Eles nunca se conheceram bem, apesar de acharem que sim. E quando se olhavam, não viam mais do que o fim do mundo, do que a tormenta. Eles não sabiam que o cinzento existia. Viviam num limite, ou se calhar ela no menos infinito e ele no mais infinito. Eles eram o demónio e o anjo ao mesmo tempo, a palavra e o silêncio, a noite e o dia.

Eles foram sempre eles, sem nunca sermos nós.

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