terça-feira, 29 de junho de 2010

Meu amor...?

Eu não gosto quando as pessoas chamam "meu amor", "minha querida", "meu anjo" e expressões semelhantes, a conotar afecto, a todo e qualquer ser humano que conhecem. Não gosto e faz-me espécie. É uma questão de respeito, de bom-senso, de sermos verdadeiros para o outro. Faz-me confusão chamar "meu amor" aos utentes que cuido. Posso gostar de conversar com eles, de aprender com eles e posso até desenvolver alguma afinidade mas "meu amor" é sinal disso mesmo, algo que amo e que, de certa forma, me pertence. E eu não amo quase ninguém, muito menos essas pessoas. E às vezes penso que é uma hipocrisia, uma forma de parecer que nos preocupamos para além do contexto, que entramos em uníssono emocional quando na verdade, é uma coisa de momento, uma expressão oca que nada diz, que só nos faz parecer bem.
[e eu gosto de ser, não parecer]
E depois aquelas relações de amizade onde se verbaliza o "querida","linda","amor" (...) a toda a lista telefónica que se mantém nos telemóveis. Que sentido faz isso? Que sentido faz, estereotipar todas as pessoas e relações? Usufruir de expressões só para parecer que somos as pessoas mais queridas no mundo? Que falta de carisma sermos tão lineares, tão previsíveis, com tão pouca imaginação. É mais ou menos como dizer o "amo-te" a alguém, mal a acabamos de conhecer.
Para mim não dá. "Meu amor" há só um e ele sabe. E é exclusivo, de forma a não tornar a expressão banal. Porque ao tornamos as expressões banais, tornamos os sentimentos cliché. E depois queixam-se do mundo egoísta em que vivemos.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

E por falar em cartas


Eu tenho a mais bela carta de amor. Tenho mesmo. Escrita com caneta azul, com uma letra miudinha, num papel transparente, do género papel vegetal. Eu tenho essa carta e leio-a algumas vezes por ano. Não muitas, para não estragar. A carta foi escrita há uns cinco anos. E, no entanto, nenhuma mais conseguiu superá-la. Não é uma carta de correio, nem uma carta de desculpas. Não é uma carta com novidades ou uma declaração estonteante. É uma carta de amor, simples, com um "amo-te" sentido a cada letrinha escrita. É uma carta de amor pura, daquele amor que não espera retorno mas que sabe elogiar, que soube fazer-me a pessoa mais sortuda por recebê-la. Eu tenho essa carta, de entre tantas outras. E foi um amigo que escreveu.



P.S. A carta é transparente para "ressaltar a tua simplicidade e pureza".

domingo, 27 de junho de 2010

Vou sempre ver se é desta que uma carta me é deixada debaixo da almofada. Ou na escrivaninha. Ou um mero post it no espelho. Nada. Ninguém me mandou ler romances na adolescência.

quinta-feira, 24 de junho de 2010


Que nenhum relógio do mundo pare. Que entrem todos em sintonia para que as horas não se atrasem. Hoje espero feliz e afago cada hora com uma intensidade taquicárdica. Não é preciso avançar rápido. É preciso que chegue, sem atrasos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Somos tão ínfimos, tão insignificantes, tão assim. E a doença é o pior inimigo do ser humano, não me venham com coisas. Só gostava que me passasse sempre ao lado. Vou rezar, é isso que me traz conforto.

segunda-feira, 21 de junho de 2010




Eu guardo imensos rascunhos. Muitas das pessoas que por mim passaram, são rascunhos. Com elas deixei palavras que nunca conheceram luz. Muitos dos acontecimentos também se ficaram por papéis velhos. Mas eu nunca quis ser rascunho. Passei-me a limpo. Portanto não utilizo mais as meias palavras. E, para ti, nunca te escondo palavras. Já não te escrevo à um ano. Mas há dois que deixei de guardar coisas sem sentido. Tudo o que sou na escrita, está aqui.
As imagens nunca me saíram da cabeça. A Meredith desiste de viver e deixa-se afundar. As imagens são da minha série preferida. Mas, afinal, o que leva uma pessoa a deixar-se assim? Qual o desespero? Qual o desespero quando queremos desistir de algo que tanto gostamos? Já não falo da vida porque, acima de tudo, ela e tantas outras pessoas desistem delas próprias, não de viver.
Quando desistimos de nós, resta o quê? Quando desafiamos os sonhos e as pessoas em prol da nossa angústia, resta o quê? O quê? É que às vezes apatece-me fazer isso. Naqueles momentos menos bons, que cada um tem. Desistir de tudo o que me dá trabalho. E o meu coração às vezes, prega-me sustos porque também ele quer desistir do trabalho dele. Mas eu posso desistir de mim e das pessoas, nunca da minha vida. Portanto amigo musculo cardíaco, aguenta-te pelo menos, uns sessenta anos, ok?

domingo, 20 de junho de 2010


Hoje não é domingo. Quando se trabalha ao fim-de-semana, não é, exactamente, fim-de-semana. Passam a não existir as rotinas familiares, as horas muito fixas. Hoje não é domingo e amanhã não será segunda-feira. Esta é a parte boa. Quando não há domingos, as segundas deixam de ser vistas como o re-início da semana, não há traumas para voltar ao trabalho. Isso e o facto de não existirem despedidas às quatro da tarde. Porque as despedidas são mais difíceis do que tudo o restoe a pior parte dos fins-de-semana em casa.

quarta-feira, 16 de junho de 2010


















We always have Paris.



[Casablanca]

terça-feira, 15 de junho de 2010

Para que as palavras não me fujam, comprei um caderno de notas, género de um Moleskine. Porque ás vezes, no meio da multidão, elas afloram-me os pensamentos e deixo uma post-it mental para as anotar mais tarde. Nunca mais me consigo lembrar, escusado será dizer e, como não gosto de perder nada, mesmo que o nada não seja importante, vai de arranjar uma solução. Mas não é só isso. É uma forma de me obrigar a escrever. Ando preguiçosa para as palavras, para algo que sempre me trouxe conforto. Ou isso ou insegurança.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A poesia morreu-se-me. Mas vou-lhe fazer manobras de reanimação.

domingo, 13 de junho de 2010


Eu admiro as pessoas que vivem sozinhas. Ou são muito corajosas e independentes ou muito parvas. Não há vontade para cozinhar grandes pratos sozinha (eu sou incapaz de jantar leite com cereais, no minimo uma sopinha e fruta), não há vontade para ver séries e filmes sozinha, não há ninguém para falar desenfreadamente, alguém que nos possa socorrer se nos engasgarmos ou levar-nos ao hospital. Pode-se ficar a agoniar durante horas, morrer e só darão por isto um ou dois dias depois. É horrível. Não fossem os telemóveis e a internet e seria uma tragédia. Eu falo por mim, que não vivendo sozinha mas encontrando-me deslocada por questões laborais, e por partilhar os meus aposentos com uma amiga que também faz turnos, me vejo obrigada a passar agradáveis serões sozinha. E eu até gosto de estar comigo mesma, mas a civilização sabe-me bem.

sábado, 12 de junho de 2010

Ás vezes choramos tudo de uma vez. Anda-se um tempo a aguentar as comportas, vai-se disfarçando, vai-se esquecendo. Mas chega um momento em que, normalmente, por uma coisa tão pequena, chora-se tudo o que houver. E, quando parece que não há mais água nos reservatórios, eles voltam a encher e fica-se ali a agoniar, de forma mais ou menos audível, com mais ou menos motivos. Porque motivos há sempre.
Eu sou assim. E quando choro desalmadamente (palavra esquisita, esta), fico com a cara às pintas e manchas vermelhas, qual palhaço sem jeito. Mas vai chegar o momento em que não há mais nada. Em que se pára, em que nos conseguimos consolar a nós próprios e conseguimos ser felizes sozinhos. Mesmo que seja já ao nascer do dia porque o que interessa é que somos auto-suficientes para isso.

sexta-feira, 11 de junho de 2010


Sempre que viajo no IC, dá-me vontade de só parar mesmo em Lisboa. Voltar a viver ao segundo, voltar ao jantar no indiano, ao Peter, a palmilhar a cidade à noite, a visitar o Bairro Alto. Dá-me vontade de aventura, de historias minhas, só minhas, de sonhos. Lisboa fascina-me assim.

terça-feira, 8 de junho de 2010


O homem senta-se no final do seu dia. Senta-se em cima do seu mundo, em suspenso, e acende um cigarro. É o fim de uma batalha, nunca da guerra. É o fim, de um meio, ainda. O homem pode ser o Homem. O cigarro pode ser um livro, a cozinha, a musica, as novelas, o sexo. O mundo funciona da mesma forma em todos os locais. O fuso horário difere, a cultura difere, o clima difere. A essência permanece, os lugares comuns. A imprevisibilidade conjuga-se com a rotina. Parece impossível? Não é. Nada é impossível.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Como ser a pessoa mais bimba do dia?

Casar-se no registo civil com uma pessoa do mesmo sexo, um batalhão de jornalistas e, na hora de confirmar o casamento, não saber as palavras exactas e necessárias. E ainda dizer algo do género: "então, onde é que isso tá escrito que eu não sei? a rir-se imenso, como se aquilo fosse uma anedota. Pois, realmente pareceu uma anedota. Nada contra os casamentos homossexuais, mas brincar desta forma? Se já esperavam à tanto tempo, bem que podiam ter aquilo decorado que era a coisa mais simples do mundo ou, pelo menos, não tornar o momento num circo. Foi de muito mau gosto, uma completa falta de chá (expressão bimba, esta, para enfatizar mais a coisa).

domingo, 6 de junho de 2010

Posso ser a única pessoa do mundo que não suporta o Cristiano Ronaldo e o Mourinho? Se são bons desportistas, óptimo. Se são boas pessoas? O primeiro parece-me superficial e o segundo arrogante e egoísta. Dispenso tanta publicidade como forma de dissimular as verdadeiras necessidades do país. O futebol sempre foi uma boa distracção, por alguma coisa o IVA só subiu nesta altura.

sábado, 5 de junho de 2010




Às vezes queremos tudo de uma só vez. Queremos sonhos realizados, projectos cumpridos, tempo para tudo. Queremos acelerar os acontecimentos, saltar etapas, ser perfeitos em tudo. Queremos ser felizes, como se tudo dependesse de um final qualquer. A culpa é dos livros que nos liam em crianças, coisas hediondas como a Branca de Neve, Cinderela ou a Bela Adormecida. Não é dos contos em si, é daquelas expressões ridículas do "Felizes para Sempre". Posto isto, procuramos desenfreadamente esse final, onde tudo será certo, onde os sentimentos negativos não existem, onde vamos ser felizes todos os dias, todos os minutos, para esse "sempre". Só que eu não percebo esse sempre. Eu também gostava de ser feliz assim mas não vai existir esse ponto sem retorno onde tudo estará feito e só vai restar ser feliz. Porque se pensar nisso, vou pensar que estagnei, que a vida não tem mais sentido nenhum. Quero ser feliz com tudo o que vou realizar daqui em diante. Quero ser feliz se me renovarem o contrato por tempo indeterminado e no dia em que me pedirem oficialmente em casamento. Quero ser feliz no dia que disser o sim a uma vida em conjunto ou no final de um mestrado ou especialidade. Quero ser feliz se conhecer Barcelona, Roma, Nova Iorque, Rio de Janeiro. Quero ser feliz se for mãe. Quero ser feliz se o meu irmão se casar. Quero ser feliz se conseguir dar aulas numa universidade. Quero ser feliz se os meus pais completarem 25 e 50 anos de casados. Quero ser feliz se os meus avós completarem 75. Quero ser feliz se os meus amigos conseguirem ser felizes. Quero ser feliz se conseguir comprar um carro. Quero ser feliz se editar livros. Quero ser feliz se for sempre saudável.


E digo sempre "se". Porque eu sonho muito mas não deixo de estar bem segura à terra. E porque sei que a felicidade é efémera. E porque tenho de aprender a esperar, a levar as coisas ao meu ritmo e não ao dos outros. Porque já sou feliz, apesar de tudo.

quarta-feira, 2 de junho de 2010




Amanhã é feriado e eu faço dois turnos, basicamente? Ainda não tinha pensado nisso.

terça-feira, 1 de junho de 2010



Estou a contar as horas, como sempre. Talvez com mais intensidade. Estou a pensar que ainda me faltam três turnos. Que ainda me faltam duas viagens. E a ti uma. Que uma imensidade de precalços podem acontecer e evitar aquele abraço, aquele beijo. Estou assim, a pensar que é tudo imprevisível e a sentir os sonhos apertados.