terça-feira, 29 de junho de 2010

Meu amor...?

Eu não gosto quando as pessoas chamam "meu amor", "minha querida", "meu anjo" e expressões semelhantes, a conotar afecto, a todo e qualquer ser humano que conhecem. Não gosto e faz-me espécie. É uma questão de respeito, de bom-senso, de sermos verdadeiros para o outro. Faz-me confusão chamar "meu amor" aos utentes que cuido. Posso gostar de conversar com eles, de aprender com eles e posso até desenvolver alguma afinidade mas "meu amor" é sinal disso mesmo, algo que amo e que, de certa forma, me pertence. E eu não amo quase ninguém, muito menos essas pessoas. E às vezes penso que é uma hipocrisia, uma forma de parecer que nos preocupamos para além do contexto, que entramos em uníssono emocional quando na verdade, é uma coisa de momento, uma expressão oca que nada diz, que só nos faz parecer bem.
[e eu gosto de ser, não parecer]
E depois aquelas relações de amizade onde se verbaliza o "querida","linda","amor" (...) a toda a lista telefónica que se mantém nos telemóveis. Que sentido faz isso? Que sentido faz, estereotipar todas as pessoas e relações? Usufruir de expressões só para parecer que somos as pessoas mais queridas no mundo? Que falta de carisma sermos tão lineares, tão previsíveis, com tão pouca imaginação. É mais ou menos como dizer o "amo-te" a alguém, mal a acabamos de conhecer.
Para mim não dá. "Meu amor" há só um e ele sabe. E é exclusivo, de forma a não tornar a expressão banal. Porque ao tornamos as expressões banais, tornamos os sentimentos cliché. E depois queixam-se do mundo egoísta em que vivemos.

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