segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Arriscar


Eu acho que às vezes nos acomodamos demais com aquilo que temos. Não é que toda a gente tenha de ser ambiciosa. É só que o sofá é demasiado cómodo e, com o tempo, até pode ficar com a forma do nosso corpo, impedindo-nos de nos sentirmos confortáveis noutra posição, noutro local, noutra vida. Eu, mui nobre insatisfeita persona, sinto-me a afundar nesse sofá. Está tudo igual há muito tempo. Os mesmos velhos medos, as mesmas promessas, as mesmas desculpas, os mesmos caminhos e as mesmas palavras. A rotina é boa, sim. Mas sair dela, de vez em quando, é ainda melhor. Já não tenho paciência para o "fazer as malas e desaparecer". Isso é muito à teenager. Não é isso. É mais deixar de ser sempre arroz quando pode ser massa; é mais o arriscar; o dizer e assumir "não me apetece" quando não apetece mesmo, em vez de fingir e fazer o frete; é responder a primeira coisa que nos vem à cabeça; é sair de casa como se fosse para uma festa; é dançar frente ao espelho; é esquecer as calorias e comer o belo do crepe com gelado; é esquecer que se vai trabalhar no dia seguinte e ficar à conversa boa; é acordar tarde quando podemos e queremos acordar tarde; é ir com o mp4 no volume máximo e cantar; é procurar o hobbie perfeito; é acabar quando uma relação já acabou há muito; é voltar ao passado só porque sim; é apaixonar-se à primeira vista; é ir viajar por esse mundo fora, quando assim podemos. É andar à chuva de mãos dadas; ficar incontactável uns dias só porque nos apetece; ir ao Mc Donalds porque não nos apetece cozinhar um dia; é dançar em frente a outros da forma que nos apetece, mesmo que seja de forma muito sexy; é amar loucamente à frente de uma lareira; é mentir quando sabemos que não prejudica ninguém. Essencialmente é isso. Sermos nós, sempre.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

(Chamar a) Música

Quando tinha aí uns 6/7 anos, ouvia Xutos e Pontapés. Houve um tempo que ouvi Britney Spears, Backstreetboys, Anjos. Dançava e cantava loucamente cada refrão. Tinha uns 12 ou 13 anos. Não me importava que no futuro pudesse ser parolo. É. Mas interessavam-me aqueles momentos, a compra e a excitação de um cd novo, as horas a ouvir, a dançar, a sonhar, a lamentar. Depois, aos 15, quis ser rebelde. Eram os Limp Biskit, os Linkin Park. Depois veio a onde depressiva com os Evanescence. Mais ou menos ao mesmo tempo, a paranóia com o Robbie Williams. Depois dei um pulo e percebi que a Mtv não era o melhor veículo de informação musical. Começei a pesquisar, a debater, a partilhar. Chego ao ponto de, neste momento, partilhar imenso com o meu irmão, individuo com menos sete anos do que eu, imberbe adolescente que ainda me dá beijinhos e que já tem um gosto para a musica do caraças.
Ao longo de tanto tempo, percebo que os clássicos serão sempre os clássicos, como os Beatles, os Nirvana, o Rui Veloso, o Vinicius, o Caetano Veloso, a Mafalda Veiga, a Amália Rodrigues, os Dire Straits, os Rolling Stones, os Guns'n'roses. São discografias boas, intensas, letras com alma, sem os excessos do marketing, vozes sublimes. E que os Muse, os Coldplay, os Oasis, os U2 podem ser imortais se não se renderem demasiado ao comercial. É isso que estraga e estragou muitas bandas e artistas promissores: renderem-se ao comercial. E o comercial não é (só) o que passa na Mtv ou na rádio. O comercial é tudo o que é para agradar a massas, é só melodia sem Música. Irrita-me a Lady Gaga, o Justin Bieber. Irrita-me porque me dei ao trabalho de analisar o produto e só vejo embrulho sem presente. Mas isso sou eu, a esquisita.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Posso sempre escrever com as letras certas, os erros não dados, as construções gramaticais perfeitas mas nada é espelho do reboliço dos meus pensamentos. Porque tudo me corre tão rápido, todos os pensamentos aparecem e se cruzam e se intercalam e confrontam e eu concluo ou, em vez disso, recomeça tudo de novo sem nunca existirem conclusões. Uma coisa assim inexplicável porque ainda não conseguem avaliar qual a velocidade máxima que os pensamentos podem atingir. Eu penso sempre rápido. Ou penso que penso rápido. Excepto em dias de sono.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Diário de uma Enfermeira #1

Não é fácil ser Enfermeira. Não é fácil trabalhar por turnos, fazer 7 noites por mês, assistir a mortes, preparar o corpo, ligar à família, etc. E quando misturamos uma semana com oito turnos seguidos, em que fazemos três noites, em que não contamos com uma morte, em que à 01h da manhã estamos a preparar aquele corpo para a morgue, em que desejamos não sermos nós a dar à notícia à família, a nossa parte emocional não pode estar muito bem. Começamos a pensar que nos apetece um emprego das nove às cinco com poucas responsabilidades, fins-de-semana livres, férias programadas, e sem fardas brancas.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ela merece

A minha irmã de coração vai casar. Foi oficialmente pedida em casamento, com direito a muitas surpresas e anel de noivado e tudo aquilo que tinha direito.
Claro que ela merece. E eu fiquei tão feliz que me apetece partilhar com toda a gente. Porque às vezes, o amor vence mesmo, e porque às vezes, vale a pena não desacreditar.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Saudade #2


É como se os dias me empurrassem sem os sentir. Andar metade por mim, metade pelos outros. Não é bem em piloto automático. É mais andar em terceira quando podia andar à vontade em quinta.

Eu juro que há momentos que me esqueço, que não custa. Mas depois vem uma dilacerante forma de pensar que me deixa encolhida e à espera. Porque é que tenho sempre saudades? Que falta é esta, às vezes impossível de suportar sozinha? Esta já não sou eu à muito tempo. Eu nunca fui assim, tão frágil de emoções.

terça-feira, 9 de novembro de 2010


Eu queria saber porque me é tão dificil acreditar nas pessoas, nas promessas and so on. Não sou uma pessoa pessimista nem cinzenta, nada disso. Mas sou um bocadinho descrente. E também preciso de provas constantes de que não vão falhar comigo. É ser insatisfeita? Exigente? Não sei. Sou eu.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Muita sorte?


Muitas pessoas me dizem que tive muita sorte em estar a trabalhar num hospital, praticamente recém-licenciada.

Ora, convenhamos que não foi só sorte. Enquanto muita gente andava na noite a laurear os neurónios e as hormonas, eu ficava em casa a fazer os trabalhos individuais, a fazer os relatórios de estágio, a tentar dormir convenientemente para ir às aulas (quase) todas, a fazer muito mais do que a minha parte nos trabalhos de grupo, a organizar-me para não deixar tudo para a última hora e evitar andar a pedir aos tutores um alargamento do prazo, a estudar para não chegar ao estágio e ficar com cara de parva sem saber respoder às questões colocadas.

Se fiz bem? Não sei. Às vezes penso que devia ter aproveitado mais. Mas depois olho para as três miudas que partilharam casa e aqueles quatro anos comigo, e sei que foi do melhor. A amizade, a partilha, a doidice (muita), os serões, os passeios. E que voltava a estudar da mesma forma. E estudar em si, também estudei pouco, porque para exames e frequências era de vespera.

Portanto não foi mesmo só sorte. Foi uma média que foi boa, foi um esforço muitas vezes inglório, foi algo que dependeu de mim. E foi tudo no ano certo, que coincidiu com o concurso certo. Então, não me venham com coisas nem essa dose de inveja que me tiram do sério. E porque nem sequer é estável quanto parece.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Enquanto me dizias para continuar, eu admirava-te. De entre tantas coisas más que me ensinaste, sempre me fizeste crer que podia incendiar o mundo com qualquer das artes que me fascinava. Como vês, já não sou assim tão poderosa. Ainda bem que desististe de mim. É sempre mais fácil desistir, não tinhas que levar com as minhas frustrações nem que saber lidar com o sucesso. Mesmo que fosses uma peça decorativa para a minha inspiração, isso pouco te importou. E ainda bem. Foi quando cresci.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Historias de amor

Histórias de amor de novela, de livros ou de séries, são sempre duvidosas. Existem demasiadas páginas e capítulos para os amantes se perderem noutras histórias e o final será sempre imprevisível. Por isso gosto de histórias de amor de comédias românticas. Entre 1h30 ou 2h de películo cinematográfica, assistimos ao desenrolar leve de um final feliz.
Desejo então que seja esse o nosso género.