segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Muita sorte?


Muitas pessoas me dizem que tive muita sorte em estar a trabalhar num hospital, praticamente recém-licenciada.

Ora, convenhamos que não foi só sorte. Enquanto muita gente andava na noite a laurear os neurónios e as hormonas, eu ficava em casa a fazer os trabalhos individuais, a fazer os relatórios de estágio, a tentar dormir convenientemente para ir às aulas (quase) todas, a fazer muito mais do que a minha parte nos trabalhos de grupo, a organizar-me para não deixar tudo para a última hora e evitar andar a pedir aos tutores um alargamento do prazo, a estudar para não chegar ao estágio e ficar com cara de parva sem saber respoder às questões colocadas.

Se fiz bem? Não sei. Às vezes penso que devia ter aproveitado mais. Mas depois olho para as três miudas que partilharam casa e aqueles quatro anos comigo, e sei que foi do melhor. A amizade, a partilha, a doidice (muita), os serões, os passeios. E que voltava a estudar da mesma forma. E estudar em si, também estudei pouco, porque para exames e frequências era de vespera.

Portanto não foi mesmo só sorte. Foi uma média que foi boa, foi um esforço muitas vezes inglório, foi algo que dependeu de mim. E foi tudo no ano certo, que coincidiu com o concurso certo. Então, não me venham com coisas nem essa dose de inveja que me tiram do sério. E porque nem sequer é estável quanto parece.

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