domingo, 28 de abril de 2013


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"


[A minha paixão pelo Fernando Pessoa, em especial pelo seu Álvaro de Campos, é sobejamente conhecida. Hoje, numa epifania qualquer pós-corrida, decidi que, se fizer uma tatuagem, quero eternizar: "Trago em mim todos os sonhos do mundo" ]. 

Eu tenho medo de tudo o que me digam que é para sempre. Sou ainda uma descrente em muitas áreas. Apesar de o "para sempre" dar muito jeito e ser muito confortante, é, paralelamente, assustador e demasiado vago. Mas se um dia eu decidir que será para sempre, trarei então, comigo, esse fardo de sonhos, de forma perene.

domingo, 21 de abril de 2013

Da minha liberdade (ou da independência)

Isto quando se conquista, é difícil de abdicar. Esta autonomia de acordar a que horas se quer, de comer o que se quer, de ir treinar às horas que nos apetece, de fazer uma salada rápida para o almoço sem ter de me preocupar com o gosto dos outros (porque não há outros), de não ter comida preparada para levar para o serviço e se encher uma tupperware com sopa e uma peça de fruta e vamos embora. Isto de ser eu a mandar em tudo. Isto de ser eu a ter tudo organizado e arrumado à minha maneira (mesmo que possa estar ligeiramente desarrumado aos olhos dos ouros), de ter tudo sempre limpo, de ouvir música ao som que me apetece, de pegar no carro sem dar satisfações para onde vou, de ir beber um copo com os amigos ou simplesmente ficar em casa com eles a comer pão com chouriço e a falar da vida sem ter de avisar que vou chegar tarde. Isto chama-se a tal independência. Conquistei a minha. Sei-me virar sozinha em muita coisa (outra tanta hei-de aprender). Sei ser responsável. Sei conciliar improviso e rotina. Sou tão feliz assim. 
Tenho medo do dia em que a perder. Tenho medo do dia em que terei de planear todas as refeições, prescindir do exercício em prol da família, fazer imensas viagens entre casa e trabalho e ficar sem tempo para mim. Medo de não poder ir dormir quando me apetece. Medo de quando não puder ir sair quando me apetece. Tenho 26 anos. Idade mais do que suficiente para casar, ter filhos e essas coisas espetaculares de ser adulta. Mas sinto-me como se tivesse 20 e estivesse na faculdade. Será normal? Estarei a atravessar uma crise?

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Queria dizer que me sinto um bocadinho cansada e sem paciência e irritável. Mas depois está um sol maravilhoso, em mês e meio consegui chegar aos 40min seguidos a correr e pronto, os dias voam e eu sei cada vez lidar melhor com distâncias e saudades. E a vida é isto. Para se viver.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Chateia-me

Que pensem que me conhecem pelo que escrevi(a). Que me olhem e me achem que conhecem pelas palavras que debito. Eu não sou palavras escritas nem palavras ditas. Eu sou silêncio. Eu guardo-me e escondo-me de tudo o que é confusão e meios sentidos. E as palavras, em todas as suas formas, são meios sentidos, meias verdades e meias mentiras. As palavras podem fazer de mim quem eu quiser mas nunca quem eu sou. As palavras podem mentir e omitir, transfigurar, refugiar ou expulsar. Vêm, pessoas, como as palavras são tão dúbias? Talvez eu seja também dúbia. Eu sei quem sou mas não quero que toda a gente o saiba. Não quero que saibam as minhas fraquezas nem as minhas qualidades. Limitem-se a aceitar a pessoa que se vos afigura. Doce e intempestiva. Calma e irónica. Limitem-se a isso. Limitem-se a viver pela metade e a necessitar sempre da vida dos outros para viverem a vossa. Eu cá estou bem comigo mesma. E é bom.

sábado, 6 de abril de 2013

39km e uma dor no trocânter esquerdo

Na ausência de bicicleta estática, tenho-me dedicado às corridas. Mas hoje lá voltei a pegar na bicicleta de btt pois aliou-se tempo bom + estar em casa + disponibilidade do senhor meu pai e namorado. Tudo muito bem, um sol bom, apesar do vento e, eis que de repente, aparece uma dor na zona do trocânter esquerdo. Sempre que fazia subidas prolongadas, lá sentia aquela dor aguda. E a chegada a casa foi um suplício mas agora estou bem e sem dor. Não gostei. E eu tinha tantas saudades da bicicleta!

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Esta que escreve a duas mãos num teclado, é esta que cuida a duas mãos de outras pessoas. É esta que  corre desenfreadamente para afastar qualquer coisa que não sabe bem o quê e que quando chega, prepara, a duas mãos, uma chávena de chá quente. Esta que pega na bicicleta a duas mãos, e que a duas mãos tem feito da cozinha uma novo mundo. Esta que, a duas mãos, abraça e segura. Às vezes, com duas mãos, também provoca dor, porque a sua profissão o exige. A duas mãos já tentou tocar melodias mas prefere carregar no play e descobrir outras coisas.
A duas mãos faz-se uma vida. Mas a 4, é bem melhor.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Abril águas mil?

Pois que espero que não. Com esta chuva manhosa e este cinzento incomodativo de Março, não há paciência para um mês igual (a nível de tempo, claro). Agora que a hora mudou e os dias cresceram, a nível de luz tardia, quero btt ao final do dia, quero ver o sol a pôr-se enquanto saio para tomar café, quero ir correr sem me preocupar demasiado com o lusco fusco. Pode ser senhores donos da meteorologia?