quarta-feira, 31 de março de 2010




Donna Maria - Quase Perfeito




[As músicas transportam-nos para outros lugares. Os meus são lugares ausentes, onde já não há espaço para saudade mas alguns sorrisos]

terça-feira, 30 de março de 2010




Amanhã pode ser sempre tarde. Demasiado tarde. Amanhã pode já não ser amanhã mas a eternidade. Ou pode ser já daqui a cinco minutos. Ainda se morre de acidentes de viação. E não são só os outros. São pessoas que conhecemos. São pessoas da nossa idade. São pessoas que podiam ser nós.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Cartas

Já ninguém sabe escrever cartas. Dá trabalho procurar uma folha perfeita, descobrir uma caneta e desfiar palavras, frases, parágrafos. As cartas não têm correcção ortográfica automática nem basta clicar no 'delete' para apagar uma ideia menos genial e deixar, de novo, a folha imaculada.


Dá trabalho. Sempre deu. Mas hoje, os computadores, os telemóveis, a internet, são mais rápidos, práticos e bonitinhos. Malditas coisas que estão a substituir um dos meus maiores prazeres. Fosse eu um génio da informática e, pelo menos por um dia, bloqueava todas as contas de e-mail, o skype e o messenger, as redes sociais, os cabos e satélites e fibra óptica e antenas, tudo, tudo, tudo, que fosse imprescindível para a comunicação. Pode parecer infantil, mas eu tenho saudades de uma carta. Não querendo ser demasiado demodé, que não sou e que uso demais a internet e o telemóvel, preciso de um carta, daquele toque do papel, da caligrafia legível ou ilegível, consoante o remetente. Já nem falo em cartas de amor, que são as melhores mas é raro encontrar um homem que as escreva. Aquelas cartas boas dos amigos, longas, importantes, didáticas ou engraçadas. Os postais. As grandes declarações.



Hoje vou ler as minhas cartas. Porque ainda sou de outro tempo e tenho (tive) amigos que partilham comigo esta necessidade. E adivinha-se serão, porque são imensas.


domingo, 28 de março de 2010

Ainda me és um sonho, apesar de toda a realidade.

sábado, 27 de março de 2010

Mensagens

Se há coisa que eu guardo são as 800 mensagens que tenho no meu telemóvel. De tempos em tempos, numa viagem de comboio longa ou nos meus 30 min diários de bicicleta, lá começo de início, dos 4 anos e meio que o telemóvel tem. E vou apagando algo que já pouco me diz ou vou mantendo os meus grandes momentos. Tantas coisas que já nem me lembrava, tantos sorrisos e memórias tão boas. Porque só mantenho o que é bom. Para quê voltar atrás se é mau?
Quatro anos e meio é muito tempo. Foi o curso todo, por exemplo. E foram tantas as pessoas que fizeram parte desse espaço temporal. Gostava de um dia apagar tudo. Até porque me põe o telemóvel mais lento. Até porque as realmente importantes, passo-as para um caderno. Até porque a nossa vida não é uma memória de um telemóvel, e as coisas inesquecíveis ficam sempre connosco.
Gostava. Pode ser que um dia faça.

sexta-feira, 26 de março de 2010







Tão [imensamente] frágil. Eu. Hoje. Amanhã. Ontem.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Psicologia


A psicologia é uma ciência engraçada. Explica muita coisa. E eu, atenta que estava às aulas, porque o meu curso incluiu três ou quatro cadeiras relacionadas com psicologia, sei que me explico muito tendo por base todos aqueles conceitos e teorias. E é por este motivo que, a maior parte das vezes, quando ninguém me entende, entendo-me eu, e sei o porquê de ser assim, às vezes insegura, às vezes corajosa.


Não quero crescer, é certo, se pudesse, voltava lá atrás, onde as férias, por ano, rondavam os 4 meses ao invés de agora, que vão ser de 22 dias úteis. Ou então, passava uns anos à frente. Não sei. Vou fazer ali fazer birra e venho já. Quando voltar, venho de salto alto e deixo de vez de falar calão.

quarta-feira, 24 de março de 2010




São tantas as expectativas que acabamos por viver em sonhos, quando a realidade fica a meio passo e nos atinge quando menos esperamos.







Pudesse ao menos, voltar lá atrás, muito lá ao fundo. Ou talvez não.

domingo, 21 de março de 2010

Percebemos que o tempo nos atraiçoa quando vemos o nosso avô a entrar com imensa dificuldade dentro do carro, já sem a energia de outrora. E sentimos aquele medo imenso, ou não fosse a morte sempre o limite.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Um poema que nunca escrevi

Lembras-te do poema
Que nunca escrevi?
Aquele simétrico
E aritmético,
Sem rima,
Nem versos?

Lembras-te das palavras
Imaginadas
Que se perderam em memórias
De cetim velho?
E dos silêncios entoados
A uma, duas, três vozes;
Incontáveis vozes,
De deuses ausentes?

Já não sou poeta
Porque nunca o fui.

[e tenho-te dito]





6’Janeiro’2009 [já não escrevo poesia há um ano, dois meses e treze dias]

quinta-feira, 18 de março de 2010

Hoje, apetece-me..







Apetece-me dormir como se não houvesse amanhã. E comer porcarias também. E ler poesia. E falar de amor. E ir a Barcelona ou Nova Iorque. E andar de saltos altos. E ir à praia. Apetece-me.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Quero ouvir. (te) poesia.

terça-feira, 16 de março de 2010

Um café, sff

Quero um café, se faz favor.


E vem-me um vício recente, quente, escuro, líquido, uma real poção magica, talvez obscura, quem sabe milagrosa. Aqueço as mãos. Antes de mais, aqueço de novo as mãos. E mais uma vez. E desenho círculos imperfeitos com a colher. Não me sabe bem. É estranho. É sempre assim. Mas é bom. Não tão bom como algo verdadeiramente bom. É bom o quanto me baste e me reconforte o âmago. E me deixe desperta e letárgica. E quem sabe me seja imprescindível para continuar um raciocínio que voou. Quero um café. Quente. Pelo prazer de mexer com a colher e de misturar os pequenos grãos de açúcar, poucos, suficientes. Pela possibilidade de me entreter enquanto olho os outros e lhes imagino a vida. Invejo-os. Ou talvez não. Quero um café para partilhar uma história, uma conversa. Ou para ficar em silêncio.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Funny things

Engraçado engraçado é quando vamos ao centro de saúde e nos deparamos com uma fila imensa. E não temos outra opção senão esperar na dita fila. Ou então temos. Temos o segurança que, vá-se lá saber porquê, engraçou connosco e nos manda literalmente passar à frente. E para nos deixar mais envergonhadas, ainda nos pergunta se continuamos a trabalhar no mesmo sítio. E o resto das pessoas a olhar e provavelmente a maldizer-me interiormente.
Foi o que deu ter sido simpática quase há um ano atrás e ter estado a conversar com o dito jovem segurança enquanto aguardava a minha vez. Agora de cada vez que vou lá, é só mordomias e sorrisinhos e simpatiquices comigo. Engraçado.

domingo, 14 de março de 2010

Dança

Vais dançar hoje comigo. O meu corpo ligeiramente separado do teu para não me imiscuir demasiado em sentimentos. Vamos dançar até à exaustão, vamos esgotar todos os gestos e passos e músicas. Vamos morrer. Anda, morre comigo enquanto dançamos. Morre para o mundo que eu morro também. Só hoje. Amanhã quero viver de novo. Mas hoje não, hoje somos dança. Quem sabe uma miscelânea de estilos diferentes, quem sabe um tango fatal que me tire de mim mesma.
Mata-me meu amor. Mata-me hoje, enquanto dançamos. Mata-me numa dança vertiginosa para que eu sabia porque estamos aqui. E quando me sentires de encontro a ti, não te comovas. Amanhã eu vivo de novo, prometo. Amanhã eu volto a sorrir. Hoje sou dança, tragédia, lugar comum, semblante soturno. Mata-me então, de qualquer coisa, menos de desamor.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Lisboa, Lisboa


[Eu sempre gostei de Lisboa]


Quando lá queria viver, desejava-o com toda a intensidade. Hoje já não quero. Não quero que a minha visão de felicidade se esbata contra os problemas reais de uma cidade. Portanto, prefiro lá ir, de vez em quando, e sentir que não há céu azul como o de Lisboa, nem aquele brilho, aquela luminosidade. Não há rio como o Tejo. Nem as lezírias ribatejanas que antecedem o estuário.


Não me venham com coisas. Não gosto do Douro. Nunca me chamou à atenção. Não posso crer que considerem bonito, escarpas e montes cobertos de videiras, em detrimento das lezírias a perder de vista, com cavalos e quintas solarengas. Não consigo.

Lisboa é arte, bons restaurantes, inumeras salas de teatro e de cinema, exposições. E rio e Parque das Nações, Chiado, Bairro Alto, Docas, Torre de Belém. E tudo aquilo que (ainda) não conheço.



Hoje quero Lisboa. E quero o Oceanário só para mim, onde me perca pelo azul e pelas palavras de Sophia. Quero uma esplanada à beira Tejo com um sol quente. Quero ouvir dizer "ténis" em vez de sapatilhas e "pastilha elástica" em vez de "chicla". Quero!
[Eu sempre gostei de Lisboa]

quinta-feira, 11 de março de 2010

Pudesse

Pudesses ser transparência minha. Pudesse a tua essência ser de vidro inquebrável. E quando a minha respiração te deixasse turvo, beijava-te.

quarta-feira, 10 de março de 2010

To my twin

Dear;
Tenho saudades daquelas conversas. Sim. De me deitar na tua cama, apagarmos a luz e ficarmos a desfiar histórias, problemas, a procurar compreensão e uma forma de mudar o mundo. Por sermos assim, tão iguais, tão gémeas, como costumamos brincar, temos muita ingenuidade na forma como encaramos as coisas. E aquelas conversas no escuro, serviam de terapia quando as nossas desilusões nos deitavam abaixo. Podiamos ser a Izzie, a Meredith ou a Yang, talvez sejamos um bocadinho de cada uma delas. E ambas sabemos, que, tal como a Meredith, nós iamos afogar-nos. E tinhamos medo disso.
Tenho saudades dos nossos risos histéricos, das maquilhagens, de juntas, nunca chegarmos a horas para nada. E da nossa frase, dita tantas vezes no hall do nosso sexto trás, no elevador ou na rua. E de algo acontecer e olharmos uma para a outra, com tanta vontade de rir ou de comentar que nunca aguentávamos e falavamos ao mesmo tempo. Do meu bailleys e do teu whisky. De sermos tão iguais, desta alquimia que mais ninguém entende. E não precisamos de o dizer todos os dias. Às vezes passamos dias sem o dizer. Já não precisamos, sequer, de palavras.

terça-feira, 9 de março de 2010

Arte



Eu gosto de arte, essencialmente de pintura. Gosto de exposições, de galerias e de museus. Gosto de olhar um quadro pelo prazer de saber que estou a olhar uma raridade, mesmo que às vezes o conceito me seja estranho e, na minha ingenuidade, eu pense que faria melhor. Não faço, portanto. Nunca fiz e sei que não vou fazer. As artes plásticas serão sempre, para mim, teoria.




Não faz mal, vou-me sentindo um Howard Carter de cada vez que me deparo com um Picasso ou um Van Gogh.
(Foto: Sala do Tate Modern, Londres)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia da Mulher?

Não querendo ferir susceptibilidades mas o Dia da Mulher só serve para acentuar que a mulher é, de facto, frágil, tanto que é necessário criar um dia especial para elas, para serem mimadas, para se falar e alertar para a violência doméstica, para se fazer passar a mulher por coitadinha e se organizarem aqueles jantares histéricos de 30 mulheres que tentam a todo o custo divertir-se e acabam por cair no ridiculo.


Dia das Mulheres é todos os dias. Porque nós gostamos de mimos, de pequenos presentes, de palavras que nos aconheguem o ego assim, do nada. E porque, acima de tudo, ser mulher é poder ousar, é poder ser forte quando todos nos olham como frágeis, é poder ser sensual e vaidosa, é poder correr o mundo de saltos altos ou rir como se não houvesse amanhã.


É por estas e por outras que estou para o dia da mulher como o Salazar estava para a democracia.

domingo, 7 de março de 2010

São horas


É cliché não gostar de despedidas. Mas de cada vez que me dás o último beijo, eu encolho-me bem cá dentro, ainda que não vejas, e digo baixinho à distância, que ela é demasiado cruel. Já tinha saudades tuas antes de me dizeres que eram horas e, mentalmente, desejei ter o poder de alterar o fuso horário e atrasar perpetuamente o relógio. Podia ser que assim, nunca fossem essas horas de teres de ir.

sábado, 6 de março de 2010

E se'





É irrisória a forma como conseguimos passar incólumes às grandes tragédias mundiais. Como se, constantemente, nos levantassemos do lugar no momento certo, antes que uma forte torrente de infortúnios nos acabasse com a vida. Não fui eu que estive no Haiti, no Chile, na Madeira, em Nova York no 11 de Setembro, em Lisboa em 1755. Nem eu, nem uma grande parte das pessoas. E ainda bem.

E se um dia, não acontecer só aos outros?

sexta-feira, 5 de março de 2010

Rock in Rio


Todos os dias o cartaz do Rock in Rio é actualizado. Ele é Elton John, Muse, Snow Patrol, Trovante(...). Para cúmulo dos cúmulos, conta com a Miley Cirus e as super-repetentes Shakira e Ivette Sangalo. Eu sei que não podia pedir que viessem os Beatles ou os Queen. Nem fazia sentido repetirem os Bon Jovi (quer dizer, eles todos os anos repetem imensos nomes).


Mas e os Oasis, Coldplay, Aerosmith, Guns'n'Roses não? É que se eu soubesse, tinha feito o sacrifício e tinha estado horas na fila para comprar bilhetes para os U2. A sério que tinha. É cartaz de jeito que se apresente? Só falta trazerem os Tokio Hotel e a Lady Gaga! Haja paciência.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Tempo

A espera resume-se ao tic-tac de um relógio interno, em que os segundos se convertem em eternidades e não exista nada que possa substiuir ou disfarçar esse interregno. Sabemos de antemão que algo vai acontecer, que os ponteiros nunca podem parar, mas nada é suficientemente grandioso para nos afagar a ansiedade e nos dar bom-senso.
Porque o tempo é certo, é sempre igual. E a espera está-nos nos genes, principalmente após continuarmos a aguardar que D. Sebastião regresse nessa manhã mítica de nevoeiro. E porque afinal, enquanto esperamos, somos já parte desses momentos, vivendo-os e costurando sonhos.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Histórias do mundo

A mãe é alcoólica e abandonou os filhos, ninguém sabe onde está. A filha mais velha tem sete anos, vai à escola de vez em quando porque ficou a tomar conta do irmão, de apenas um ano e meio. Sozinhos nas ruas de Bombaim.


[histórias do mundo, neste caso de Bombaim, na Índia]

Terrivelmente fútil (or not)


Eu não sou uma pessoa fútil mas após o rescaldo de um dia de anos (que, maravilha, conseguiu ser pior que o do ano passado), e com dinheiro para pagar quase uma viagem a Barcelona de alguns dias, eu devia mesmo fazer o que toda a gente me diz: "És esquisita portanto toma lá o dinheiro e compra o que quiseres". Mas depois rematam: "Tem cuidado com o futuro, pensa bem, não sabes o que te espera".


Que contradição, então é para gastar ou não é? Se o gastasse todo era olhada de lado, como uma rapariga mesmo fútil que não pensa no dia de amanhã. Mas não era suposto fazer isso com o dinheiro? E depois se o gastar fico com peso na consciência, o que está muito mal.


Eu devia ir já agora, para a plena rua Santa Catarina no Porto, comprar aqueles pares de sapatos com salto de 10cm e roupa e malas que nunca mais acabassem. Devia sim. Terapia mais do que merecida após os ultimos acontecimentos. Mas, quando se tem um voucher para uma esfoliação corporal seguida de uma massagem terapêutica (eu já me vejo lá a relaxar), pensa-se que afinal há alguem que realmente pensa em nós e nos dá algo para aproveitarmos à séria. E assim, so vou gastar parte do dinheiro nessa minha futilidade temporária, porque afinal, sou um pessoa precavida.

terça-feira, 2 de março de 2010

Era previsível. [quase] Tudo se torna previsível. Podia ter sido feito de outra forma. Para quê? E porque é que continuo à espera quando sei exactamente que as palavras serão sempre as mesmas e os gestos se vão repetir? Podia fingir que estava feliz. Não consigo.



Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh


[grito-me em silêncio]

segunda-feira, 1 de março de 2010

Futebol

Eu já gostei de futebol.


Sim, em tempos idos, eu conhecia todos os jogadores do meu clube; conhecia muitos dos jogadores dos outros clubes; sabia sempre quem estava à frente do campeonato e os principais concorrentes ao titulo; preocupava-me em discutir tacticas; via os jogos; vibrava com os jogos do meu clube e da selecção; cheguei a comprar jornais desportivos; sabia argumentar e defender muito bem as questões do futebol e claro, tenho o cachecol e a camisola oficial do meu clube bem como cheguei a assistir ao vivo a um jogo.

Mas eu mudei. Não sei se é da idade, do facto de o meu clube já não ganhar um campeonato desde a época 2001/2002, da imensa corrupção que existe, dos estádios construídos para o Europeu 2004 que estão agora a dar prejuízo (e o país a precisar tanto de bons hospitais e de melhores condições socio-económicas), dos jogadores que ganham milhões e nem falar correctamente sabem, das injustiças que se cometem (o Braga que não tenha ilusões, nunca ninguém o vai deixar ser campeão, ainda que fosse mais do que merecido), do fanatismo que as pessoas têm.. Não sei.


Eu até podia tentar voltar a gostar. Mas não me apetece. O futebol é um antro de vício, dinheiro mal gerido e que vai colmatando as questões realmente importantes. E ou muito me engano, ou já nem o mundial na África do Sul me vai dizer absolutamente nada. Porque convenhamos, um treinador brasileiro ainda se aguentou e perdoou mas ume equipa cheia de brasileiros? Abram os olhos gente.