domingo, 14 de março de 2010

Dança

Vais dançar hoje comigo. O meu corpo ligeiramente separado do teu para não me imiscuir demasiado em sentimentos. Vamos dançar até à exaustão, vamos esgotar todos os gestos e passos e músicas. Vamos morrer. Anda, morre comigo enquanto dançamos. Morre para o mundo que eu morro também. Só hoje. Amanhã quero viver de novo. Mas hoje não, hoje somos dança. Quem sabe uma miscelânea de estilos diferentes, quem sabe um tango fatal que me tire de mim mesma.
Mata-me meu amor. Mata-me hoje, enquanto dançamos. Mata-me numa dança vertiginosa para que eu sabia porque estamos aqui. E quando me sentires de encontro a ti, não te comovas. Amanhã eu vivo de novo, prometo. Amanhã eu volto a sorrir. Hoje sou dança, tragédia, lugar comum, semblante soturno. Mata-me então, de qualquer coisa, menos de desamor.

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