segunda-feira, 31 de maio de 2010


Escrever bem é essencial. Não é necessário um grande floreado, expressões de tirar o fôlego ao Lobo Antunes. Nada disso. É preciso escrever bem, sem erros e, de preferência, com a pontuação correcta. Andamos na escola para quê? Eu sei que o Saramago ganhou o prémio nobel e escreve sem pontuação. So what? Fica-nos bem, acreditem. E ajuda o nosso emissor a entender o que queremos mesmo dizer. Portanto, não inventem porque, para isso, parece que há um Acordo Ortográfico sem sentido e já basta de criatividade. Nem envergonhem o Fernando Pessoa, que deve estar lá no túmulo num completo Desassossego.

domingo, 30 de maio de 2010


Tenho olheiras. E sono. E saudades dele. E dois dias de folga. E vontade de praia.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um dia, esqueço a regras de bom-senso, toda a doutrina cristã de uma vida [especialmente o quinto Mandamento] e mato a distância. De uma forma turtosa, que é para servir de lição.

quarta-feira, 26 de maio de 2010




Faz hoje um ano que Londres passou a ser real. Um ano é muito tempo. Ou isso ou a Terra tem acelerado na sua órbita em torno do sol.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Eu de política percebo pouco mas de crise...

Pois é. De política percebo pouco e só não percebo mais porque nem sempre tenho o pai ou os amigos à mão para fazer perguntas e nem sempre posso comprar as revistas que melhor me colocam actualizada. Porque os telejornais deixaram de ter o rigor de antes e se preocupam demais com jornalismo sensacionalista. Porque me sabe bem desligar do mundo e ficar perdida nos livros. Infelizmente a minha geração peca por isto. Andamos todos na nossa vida, pensamos todos que a democracia sempre existiu e que os partidos políticos são todos iguais. Nem todos são iguais e dentro deles temos pessoas imensamente diferentes.
Mas que nos últimos tempos a política tem-se afastado dos comuns mortais, é uma realidade. Já não há transparência, confiança, reconhecimento do trabalho. Estamos em crise mas não só financeira. De valores, essencialmente. De identidade. De sanidade mental. Porque o comodismo, o egoísmo e os bens materiais dominam tudo. Porque se torna necessário pedir empréstimos para comprar televisões, máquinas de levar roupa e para viajar. No tempo dos meus avós, havia rádios e a roupa era lavada à mão e estendida nas cordas. E as viagens faziam-se a Fátima uma vez por ano, se ouvesse dinheiro. Estamos em crise? Estamos pois e por uma grande maioria de idiotas que não sabem gerir dinheiro, desde políticos a gestores e pessoas comuns.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O livro da Sophia constitui uma prova de que fomos real. De que me adivinhavas e de que me lias como ninguém E contigo sempre fui sincera. Quando me perguntaste se já tinha andado para a frente com o livro, lembrei-me da tua outra pergunta. [O que te vês a fazer aos cinquenta anos?] Do alto dos meus vinte anos, quando ainda sonhava demais e pensava que haviam mais pessoas como tu, disse-te que me via a escrever ininterruptamente num lugar à beira-mar. Tu sorriste. Hoje já não sei. E isso custa à séria. Portanto, é melhor mentir-te para que não te desiludas comigo. Mais do que o que já te desiludiste. Para que ainda me vejas como a miúda de caracóis espontânea que nos primeiros dias de estágio juntos, achaste logo que podias confiar. Para que me voltes a contar os segredos das árvores e as tuas conquistas amorosas. Para que adivinhes que gosto de chocolate quente e acertes com os meus gostos musicais. Os amigos são para isso.

sábado, 22 de maio de 2010

É apenas um lugar comum chamado vazio. Num instante eu vi tudo. Toda uma existência para a frente. Eu que era de passados comecei a ver e ser de futuros. E foi algo tão diferente, tão assustadoramente real, tão parecido, tão cinzento. Pela primeira vez, as palavras fizeram-me transportar para algo tão imperfeito. Eu não peço assim tanto. Peço amor de poesias e não amor de novelas. Peço gestos simples e não provas de amor. Peço palavras e não uma grande casa, um bom carro e uma aparência que é tudo aquilo que mais desprezo. Peço-me a mim e à minha candura. Quero-me de volta, com sonhos bons, inocência. Devolve-me.

quinta-feira, 20 de maio de 2010


Tardinha de praia, pouca gente devido a ser dia útil e mês de Maio, areia a escaldar e um mar assim para o calmo, água morna. Um bom livro e eu. E o mp3.


Era bom era. Em vez disso, há turno da tarde para fazer. E não, não dá para ainda ir aproveitar um bocadinho da noite com uma boa caipirinha, após o horário laboral. Amanha há mais turno a começar às 8h e há que prevenir olheiras e descansar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010


Eu não sou sempre aquilo que escrevo. As palavras são minhas mas nem sempre são o eu. Existem demasiadas coisas que guardo só para mim, coisas desse lugar encantado chamado experiencia ou vida. Há demasiadas palavras que, conjugadas, não fariam sentido para quem me lê ou talvez levasse a conjecturas falsas, meramente hipoteses para as quais não poderia nem queria justificar.


Sim, grande parte daquilo que escrevo sou eu. Mas nem sempre tudo. E às vezes, misturo realidade e ficção, numa dualidade improvável mas mágica, que me permite imaginar e sonhar com direito a bibliografia. Mas quando sou ortónima em essência e escrita, é aí que me liberto. E é desafiante essa liberdade, poder escrever o que sou.


Um dia vou ser capaz de usar uns daqueles sapatos fantásticos da zara, com 15 cm de salto fino, lindos, lindos, lindos e que me fazem sentir bem lá no topo, literalmente.
Hoje não foi o dia.

segunda-feira, 17 de maio de 2010



Fossem todos os dias de sol. Cá dentro, principalmente, no lugar dos afectos. Fossem todos os dias de esplanadas e almoços leves, seguidos de gelados e muito descanso. Descanso de palavras sem sentido que nos deixam cicatrizes pequeninas nas memórias, descanso das saudades e da distância, descanso das preocupações, dos medos, das inseguranças, descanso das vezes que sou eu e tu e não nós.
Fossem todos os dias uma combinação de sol e calor e sonhos. Pode ser que com as temperaturas mais altas, seja mesmo.

domingo, 16 de maio de 2010

Os meus segredos são iguais aos de toda a gente normal. E não me convençam que haja alguém que não tenha segredos! É impossível. Não precisam ser segredos de sangue, de morte, de culpa. Os meus são pequeninos mas são bons. São meus. E às vezes nem o são bem porque os posso partilhar com alguém que merece, escondendo-os de quem não os entende. É bom partilhar algo, dividir medos e expandir alegrias. Mas e, volto a frisar, com quem realmente possa entender tudo isso. E já poucos sabem guardar segredos. Já são poucas as pessoas que não resistem a partilhar coisas básicas, fantasiando, aumentando-lhe pormenores, metamorfoseando tudo.
A culpa é da globalização? Não. É de cada um de nós.

sábado, 15 de maio de 2010


Falta-nos por vezes em obras e gestos, o que no sobeja nas palavras. Falar sempre foi fácil, argumentar, mostrar a lógica através do diálogo, prometer, tudo conceitos abstractos que as palavras são. Mas passar a actos concretos, justificar o que dissemos com pormenores palpáveis, visíveis, arriscados até, é que se torna o cabo das tormentas.


sexta-feira, 14 de maio de 2010

Não fossem já as saudades um martírio. E custam sempre mais no início porque depois, vem o hábito.

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Hoje uma familiar de uma utente minha queria pagar-me um café com 5 euros para me agradecer a dedicação.

Hoje evitei as lágrimas de outra utente minha com brincadeiras parvas e muitas conversas.

Hoje na rua, ao passar pelo cão do meu vizinho, achei que o cão me tinha sorrido.



Hoje é um bom dia para adormecer feliz.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Miúdos

Nós costumávamos brincar juntos. E discutir juntos. E tocar às campanhias das outras casas juntos. Eu não sei como te conheci. Vejo as fotos de quando era bem pequenina e tu já lá estás. Festejaste comigo o meu segundo aniversário. São os registos mais antigos que tenho. Eu usava totós e tinha um sorriso tão bonito. Tu usavas uma camisa azul escura e estavas ao colo de alguém que agora não me recordo. Chegavas a minha casa sem bater à porta e a minha avó dava-te o lanche. E eras como um irmão para mim. Uma vez, numa daquelas discussões de miudos, iamos a correr pelo terreno que agora é a minha actual casa e eu caí em cima de uma folheta de alumínio. Chorei imenso e ainda tenho uma cicatriz na perna. E tu, tão preocupado comigo, já sem uma réstia da chatice que nos tinha feito ter aquela briga.
Lembras-te quando o meu pai nos queria ensinar a ler? Tu baldavas-te sempre. Era ouvi-lo chamar-nos e tu desaparecias para tua casa. Fazias batota e, mesmo quando depois te escrevia o meu nome na tua mão, orgulhosa, tu não querias saber de letras. Nós queriamos liberdade. E tínhamos. Apesar de todos os avisos que nos davam, nos tinhamos aquela liberdade desafiante, própria dos miudos inconsequentes.
Depois crescemos. E deixámos de ser vizinhos. Mesmo assim, quando lá passavas à porta, chamavas-me. Crescemos mais e tu dizias que gostavas de mim. Hoje não sei bem de ti. Mas tenho saudades dos nossos bons velhos tempos.

domingo, 9 de maio de 2010

e eu amei-as.

As tuas palavras eram poesia mórbida. As tuas palavras matavam-me sem eu dar por isso porque, para mim, eu achava que vivia mais intensamente através dos nossos diálogos impossíveis. Eras manipulador e usavas algo que sempre venerei para atiçar os meus pensamentos. Apaixonei-me por elas, pelas palavras que achava tuas. Nunca foram. Nunca foste tu, sequer. E agora sei-as feias, negras, qual buraco negro que me levava em devaneios e me fazia levitar sem sair do chão. Agora sei-te assim porque mudaste. Porque já falas como os comuns mortais e, embora perdendo todo o encanto, és real, homem sem deus, partitura de uma musica banal. És assim. Sempre foste. Menos as tuas palavras e eu amei-as.

quinta-feira, 6 de maio de 2010


O amor já teve todas as definições possíveis e, mesmo assim, ainda há tantas por descobrir. No meu dicionário está assim:


Amor - Sentimento que necessita de dedicação constante, aparentemente fácil de sentir mas que, com o tempo, se torna um processo complicado de gerir; acto susceptível de alterações constantes, instável, egoísta e arriscado.


É suposto amar-se e isso bastar. É suposto o mundo passar a ser laranja, com pozinhos amarelos e muito rosa nos pensamentos. É suposto olhar-se os defeitos mas sorrir-se pelas qualidades e sobrepô-las a tudo. É suposto mesmo? O tempo é esse fantasma que vai arruinando tudo, que coloca pontos de interrogação em promessas mais do que afirmadas e vai desgastando todas as sensações boas. As pessoas também mudam. Mas isso já é outra história.

quarta-feira, 5 de maio de 2010


Precisava de pegar na mochila e partir à descoberta da Europa. Comigo mesma porque não me recomendo hoje.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Fear

É um vírus pequeno que se chama medo. Há alturas do ano em que se manifesta, alturas essas variáveis e dependentes da estabilidade mental e emocional. Manifesta-se através de ansiedade, pensamentos negativos, tremores e suores frios. O prognóstico nem sempre é favorável e a terapia consiste, basicamente, no deixa andar que há-de passar. Os médicos prescrevem ansiolíticos e antidepressivos, os psicólogos sugerem psicanálise, os nutricionistas apostam numa dieta rigorosa nesses dias e os enfermeiros administram uma dose de adrenalina ao âmago. Mas só passa mesmo quando a causa pela qual o vírus se desenvolve, for ultrapassada ou inoculada.

Hoje estou com medo e é assim a modos a que.

domingo, 2 de maio de 2010

Vida adulta/laboral

Chega-se à vida adulta e é isto: A conta à ordem passa para conta à ordem ordenado; começa-se a fazer contas a sério e a perceber que se gasta dinheiro a mais nas facturas da luz, água, telemóvel e internet; sair de ténis à rua só aos dias não laborais; o anti-olheiras é imprescindível e o creme contorno de olhos passa a ser usado religiosamente todos os dias; a agenda está sempre na mala; a disponibilidade para trocar turnos com os colegas tem de ser total; noites de farra têm de ser muito bem pensadas para não desalinhar mais os ciclos circadianos, porque para noitadas, já bastam as no hospital; paciência para estudar é zero; vontade de dormir sempre imensa; unhas sempre curtas e vermelhos só nas folgas; os problemas no trabalho são levados para a vida pessoal (...)
Eu já suspeitava que ia ser assim. Mas pensei que não fosse tão brutal.

sábado, 1 de maio de 2010

50 anos

Não é para todos.
Comemorar 50 anos de casamento e, o mais importante de tudo, de um casamento pintado a amor puro, é do mais belo que há. À mesa, por vezes, ainda dizem : "amor, queres mais sopa?", ainda caminham de braço dado, ainda se riem juntos como dois adolescentes. Podia ser o amor que eu mais idolatro. Sim, é. São os meus dois heróis românticos e acredito que, quando o coração de um deles parar, o outro pára logo de seguida.
Já não se usam amores assim, como o dos meus avós. E é uma pena.