quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Eu já...


Às vezes deito-me em dorsal e fico a olhar o tecto (ou as estrelas, quando posso). Eu já conquistei muita coisa. Eu tirei a carta de condução e conduzir dá-me gozo. Eu terminei uma licenciatura numa escola exigente, com boa média. Não tive de esperar muito para o primeiro emprego. Nem lutar tanto para o segundo, que é aquilo que gosto realmente de fazer. Eu fiz erasmus em Oviedo, contra todas as expectativas, e gostei bastante. Já visitei duas das mais importantes capitais europeias e amei. Eu já me senti a salvar alguém e deu-me paz. Eu já escrevi um livro. Eu já tanta coisa.


Mas, acima de tudo, tenho tudo aquilo que não conquistei a pulso e, que de uma forma ou outra, me foi proporcionado. Tenho o meu núcleo familiar. Tenho o amor de uma vida. Tenho poucos mas consistentes amigos. Tenho saúde. Tenho um país que não me obriga a usar a Burka nem é de terceiro mundo.


E apesar de ser uma eterna insatisfeita, no fundo, já tenho mais do que muito. Não teremos todos?

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