quarta-feira, 14 de julho de 2010

Às vezes, no meu coração, encontro-lhe uma ferida. Não é só uma perda de tecido superficial. É um buraquinho que se afunda no miocárdio, pericárdio e já lá dá para ver o endo. Aparentemente pequeno mas o suficiente para deixar fugir coisas boas, que vêm lá de dentro. E não há soro que lave as tristezas, nem placa hidrocolóide que, aos poucos, vá restituindo a integridade muscular. É algo crónico, que às vezes deixa de doer ou que anestesio com doses de esperança e um grama de optimismo. De cada vez que lhe quero fazer o penso, o mesmo acaba por sair, mais cedo ou mais tarde. Ou isso ou não escolho o melhor tratamento e acabo por não ter resultados positivos nenhuns.

Não sei classificar a ferida. Porque ainda não inventaram graus para feridas no coração. Também não sei quantificar a dor, dizem que o coração só dói quando para. É uma confusão, esta medicina. Mas descobri que, quando tenho ajuda para fazer o penso, as coisas evoluem. E descobri que deve ser sempre assim, para que volte a ficar com o coração íntegro.

A maior parte das pessoas tem feridas no coração. Às vezes mais do que uma. E cicatrizes? Essas existem sempre. Mas nem sempre os tratamentos que se experimentam são os melhores. E ainda há muito para evoluir.

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