domingo, 26 de setembro de 2010

Pela Metade


Pergunto-te por onde andas, sem querer saber realmente a resposta. Para quê? Os lugares não serão comuns. As pessoas não serão o eu. Pergunto-te porque acredito que um dia me vais responder que estás ao meu lado, que te posso tocar sem ter de usar a imaginação. Que me vais beijar com poesia nos lábios, sem sombras nem nuvens, nem a sentença de que cedo ou tarde, não vai dar para adiar mais e vais ter mesmo de ir. Portanto não quero saber realmente. Ou é tudo ou nada. Ou estás aqui ou não estás. Ou vais ou ficas. Eu sei que vais porque tem de ser. Assim como eu também vou porque estou a cumprir o meu fado. Cada um no seu caminho certo. Tão díspar, por enquanto. Tão tremendamente díspar que é quase um drama teatral.

Estou a exagerar? Que seja. Começo a entrar numa fase totalmente diferente em que não suporto opiniões de pessoas que não me dizem respeito. Estou um bocadinho cansada do politicamente correcto, dos comportamentos sociais, da exposicão mediática, dos amigos que não são amigos. Quero demais o meu anonimato para poder olhar os outros, para me poder rir dos que vivem e são dependentes de aparência, de moda, de facebook, de centenas de amigos virtuais, da última tecnologia de ponta. Quero rir-me mesmo. Porque isso é viver pela metade. Porque nem sempre o tamanho da conta bancária ou do soutien é directamente proporcional ao nível do grau de altruísmo, de cultura, de bom coração.

Só não quero censuras porque tenho dificuldade em lidar com saudades. Porque as sei tão bem desde há tanto tempo e porque talvez ainda não as conheça nem pela metade. Porque pelo menos eu sei que ainda é possível colmatá-las. Ainda há esperança para que um dia terminem em bem. Mas há pessoas que vivem a saudade por inteiro. E eu prefiro nem pensar nisso.

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