terça-feira, 4 de maio de 2010

Fear

É um vírus pequeno que se chama medo. Há alturas do ano em que se manifesta, alturas essas variáveis e dependentes da estabilidade mental e emocional. Manifesta-se através de ansiedade, pensamentos negativos, tremores e suores frios. O prognóstico nem sempre é favorável e a terapia consiste, basicamente, no deixa andar que há-de passar. Os médicos prescrevem ansiolíticos e antidepressivos, os psicólogos sugerem psicanálise, os nutricionistas apostam numa dieta rigorosa nesses dias e os enfermeiros administram uma dose de adrenalina ao âmago. Mas só passa mesmo quando a causa pela qual o vírus se desenvolve, for ultrapassada ou inoculada.

Hoje estou com medo e é assim a modos a que.

1 comentário:

Anónimo disse...

Há momentos na nossa vida em que o desespero e a loucura falam mais alto… E, neste instante (enquanto estudo para uma frequência de economia, na cidade que, segundo a canção, tem “mais encanto na hora da despedida”) falam tão alto que, mesmo não te conhecendo bem, faz com que escreva esta espécie de carta. Sabes, o ser humano, às vezes, tem necessidade de desabafar, de falar de si próprio… Mas com quem? Com os amigos, pais… Eu não tenho essas opções. Aliás, nos últimos anos, tenho contado sempre com o apoio de psicólogos e psiquiatras (por não ter mesmo mais nenhuma opção). Calma… não te assustes… Apenas sou um ser humano frágil e, por conta dessa fragilidade, apoderou-se de mim a ansiedade e a depressão.
Li vários textos teus e fiquei maravilhada com muitos deles especialmente com este Fear. Tens um dom muito especial: o de escreveres deliciosamente bem. Neste texto descreves de forma magnífica o que na alma me vai. Por isso, este tremendo disparate que estou a cometer: o de desabafar com alguém. É difícil falar com pessoas que não entendem o que é o medo, a insegurança, a ansiedade, os pensamentos negativos, a taquicardia, a falta de ar, a tristeza do olhar, a depressão… Ao longo destes últimos 5 anos (pois, já lá vão 5 anos a lutar, dia-a-dia, contra todos esses vírus) tenho encontrado muita gente assim: simplesmente não entendem. Só queria alcançar a perfeição, dar o meu melhor em todo o que faça (todos os dias), ter um amigo ou dois, um sorriso rasgado na cara,… enfim ser feliz e não apenas acrescentar dias à vida mas vida aos dias. Será que é pedir muito?
Ás vezes fico com a sensação que as pessoas acham que eu tenho o “nariz empinado” mas essa não é a realidade: apenas construí uma muralha à minha volta e tornei-me uma boa, mas mesmo muito boa, actriz. Sei, ou pelo menos sabia, disfarçar muitíssimo bem a tristeza, as preocupações, os medos que tomavam conta de mim. Pode parecer estúpido, até incompreensível, mas os meus medos resumem-se todos num: o medo de não ser perfeita.
Desde cedo tive uma educação que me levou a considerar a escola e os resultados escolares o centro do universo. Aliás, a meu ver eu apenas sou os resultados escolares, nada mais. Até ao 9ºano sempre estive entre as melhores alunas para grande agrado da minha mãe, que ficava mais contente e exibia-se mais do que eu. Mas tudo mudou com a vinda do 10ºano: escola nova, colegas novos e eu (a mesma menina que queria ser a aluna perfeita só para que a mãe lhe desse um pouco mais de atenção). Os primeiros grandes ataques de ansiedade surgiram e levaram, sem grandes demoras, à depressão. As faltas à escola (e a minha mãe a bater-me e a gritar), as notas a descerem, a desistência do grupo de jovens, os colegas a afastarem-se e os professores que nem sequer o meu nome sabiam. Foi duro, muito duro… mas fui superando e aqui estou eu a tentar estudar economia e os pensamentos negativos, tais como “tu não consegues”, “vais reprovar”, “não vales nada”, “vai correr muito mal porque tu não estudas o suficiente e és burra”, a atacar. O que é que faço nestas situações? Das duas uma: ou choro e desisto ou tento buscar no fundo da minha confusão mental algum pensamento positivo que esteja bem escondidinho. Comigo já nem com ansiolíticos e antidepressivos lá vai.
Uma coisa a psicóloga (que deve ser a pessoa que melhor me conhece) tem razão: depende de si… Concordo com ela. O problema é quando as forças, a coragem, a determinação,… começam a fraquejar. E é isso que nestas últimas semanas está a acontecer: parece que morri (já não consigo estar com os colegas do curso - chego ao ponto de ter medo deles por achar que não estou à sua altura – o sufoco das aulas por achar que não estou a dar o melhor de mim…). “Meu Deus, os mortos que andam!”
Muito mais haveria que dizer mas já estou mais calminha e a economia espera-me… Obrigada pelos teus textozinhos que, muitas vezes, são o reflexo dos meus pensamentos, da minha alma… Obrigada

Com agradecimento pela atenção dispensada e votos de boa escrita =)D