Viver ou estar sozinho tem muitas vantagens, apesar de tudo. Eu acho que todas as pessoas deviam passar pela experiência de viverem sozinhas, algum tempo (e aqui o algum é demasiado relativo, portanto, não me alongo sobre ele). Deviam conhecer-se na ausência e na presença, na solidão e na abundância, nos dias e nas noites. Deviam aprender a viver por si, a fazer tudo por si, a crescer por si, a responsabilizar-se por si. Não aprendem só a valorizar os outros, como a valorizar-se a si mesmas. Aprendem que se desarrumarem, têm de ser elas a arrumar (regra importantíssima para poderem, depois, co-habitar novamente com alguém) e isto não é valido apenas para as coisas. É válido para tudo. Tem-se noção dos gastos, aprende-se a gerir tempo e vive-se de acordo com os horários de cada um. Abre-se a porta e não há ninguém para ouvir como foi a nossa batalha lá fora. Mas há uma aparelhagem de música ou um computador para nos encher a casa com bons sons. Não se tem a comida pronta ou a roupa lavada, mas pode-se comer o que se quiser e a que horas quiser. Pode-se sair para ir jantar fora e regressar ao nascer do dia, sem ninguém que controle. Pode-se ter sempre tudo à nossa maneira, do nosso jeito.
Este texto pode ser meramente uma "nota mental", para quando me canso de mim mesma nos meus serões, sozinha. Apesar de eu valorizar muito o meu espaço e de não me cansar tão facilmente.
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