sexta-feira, 20 de abril de 2012

Do João Tordo

Acabei mais um livro teu (trato-te por tu, porque não te conheço mas sei-te politicamente incorrecto) e a mesma sensação de vazio associada à raiva pelo que escreves tão bem, tão imensamente bem que és o melhor escritor de sonhos deste tempo pós Fernando Pessoa. Acho-te um gajo lunático, imagino-te a fumar cigarro atrás de cigarro, inquieto demais com o que te consome e, depois, esbanjas em cada palavra essa certeza que a nossa existência não é nada, que seremos apenas memória enquanto as memórias não ensandecerem. 
Gosto de te ler porque não tens o falso pretensiosismo de usar frases sem pontuação ou narrativas demasiado cerradas de adjectivos. Gosto de te ler porque me confrontas. Porque quando termino um livro teu, me fazes falta.
Não falo de ti a ninguém porque ninguém quer mesmo saber de ti. Não faz mal. Eles é que perdem. És demasiado grande para uma terra tão provinciana. Espero-te num próximo livro. Até lá, não te esqueças de os continuar a editar. Obrigada.

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