terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

As pessoas vivem num teatro, numa peça que inventaram sem grande argumento, mas que as faz representar continuamente. Pouco do que fazem é espontâneo. É tudo pensado, ensaiado, sem graça nem sol. Por vezes é um cinzento tão triste, que não entendo porque não preferem actuar numa comédia.
As pessoas fingem sentimentos, fingem sofrimento, compaixão, felicidade, extase, lágrimas. Não sei como é possível tanta versatilidade. São mesmo boas no que fazem. Por vezes sou espectadora, fico na plateia. Não aplaudo. Saio antes da peça terminar porque não consigo fingir, compactuar com tanta falsidade. Outras vezes chamam-me ao palco e eu também represento. Dizem que se não representarmos, não somos sociedade. E é mesmo verdade. Somos metade actores, metade público. E isto repulsa-me.

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