sábado, 4 de agosto de 2012

Há sempre um tempo em que mudamos. Há sempre um tempo em que batemos com a porta, ainda que subtilmente, e mudamos de endereço. Pequenas ou grandes mudanças, tudo ou nada, evolução ou involução, não interessa. Mudar, sim. Alterar e alterar-mo-nos. Re-escrever algo, passar para outro lado. Mas isto não implica que não tenhamos saudades do que ficou para trás, do antes da mudança.
Eu tenho saudades de quando tinha noites de verão infindáveis, ao som dos barulhinhos nocturnos, sempre com a luz da lua ou das estrelas a pontuarem-me os sonhos. Eu cresci, entrei no mundo laboral, faço malabarismos entre a cidade onde trabalho e o lugar onde vivo, tento conciliar estar com toda a gente mas o tempo escorre-me por entre os dedos. Quando chego ao quarto para dormir, a varanda já não me impele, já não ficou sentada a olhar para o vazio.

E há uns dias, quando me apercebi que este meu ritual dos verões tinha terminado sem eu dar por isso, senti aquele remorso de me estar a perder de mim mesma, a angustia do tempo passar e as minhas forças tão pequeninas para o fazer parar. Esta angústia de crescer, sim, de ser adulta. Já sou uma adulta e ninguém me avisou.

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