domingo, 3 de abril de 2011

A minha educação é melhor que a tua?

Eu não sei onde os meus pais tiraram o curso mas foi, com toda a certeza, com uma média final de 20. É que a educação que dão, tanto a mim como ao mano, devia ser a educação que todos os pais dão aos filhos. Os meus pais não são melhores que os teus. São os pais melhores que eu podia desejar nesse aspecto. Cá em casa não se liga a televisão na hora das refeições. Conversa-se. Conta-se como foi o dia. Desabafa-se. Cá em casa aprendi, desde muito jovem, a gerir o meu dinheiro. A ir com o meu pai ao banco. Aprendi a poupar. Cá em casa explicaram-me que não se gasta mais do que o que se tem. Aliás, é imperativo. Cá em casa sempre falaram à minha frente do emprestimo da casa, dos juros. Porque o dinheiro não vem com as andorinhas na primavera. O dinheiro vem do trabalho.
Ensinaram-me que o saber não ocupa mesmo lugar. E fui criada nos tempos pré-históricos dos dicionários, enciclopédias em papel e cálculo mental. Explicaram-me ainda que não vão durar para sempre portanto, que me mexesse para aprender a viver e me tornar o máximo independente possível. Também me disseram que um curso superior é uma coisa séria. Que soubesse escolher e que não andasse apenas a pôr dinheiro ao lixo. E ainda me avisaram que não é vergonha nenhuma trabalhar no shopping tendo um canudo na mão.
Pudemos afirmar que tive uma espécie de infância à rasca. Não tive game boys, playstations nem roupas de marca. Começamos a passar férias já eu tinha uns 14 anos. Fazíamos refeições fora muito raramente, do género passeio anual em Fátima com o cesto da comida já pronto de casa.
Estamos à rasca e ainda não viram nada. Porque toda a gente se habituou a viver à larga. Porque é mais importante ter um telemóvel do que legumes para fazer sopa. E pior que a crise financeira, é a crise de valores.

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