Sabes do que tenho saudades? Do teu sorriso inocente. Da forma como piscas o olho. Do teu cabelo branco. Da forma como cruzas os braços. Da forma como amas a avó. De quando me bates na mão quando tiro só os amendoins da tarte de amendoins.
Tenho saudades tuas e não me deixo de culpar por não ter comemorado o teu aniversário contigo. Este ano teve de ser por telefone. E tu recusaste uma festa porque eu não estava. Tu disseste que andavas a sonhar muito comigo e que eu estava sempre a chorar nos teus sonhos. Bem sabes que não sou forte. Que não sou como tu. Mas isso fica entre nós. Eu gosto tanto de ti avô. Eu choro só com a ideia de que um dia, o teu aniversário vai ser o último. De que um dia podes ficar a agoniar numa cama de um hospital. De que um dia possas precisar e eu esteja aqui, longe de nós. De que um dia um médico ou um enfermeiro te virem as costas quando chamares por eles. Porque nunca ninguém vai saber o quanto lutaste, o quanto trabalhaste, o quanto de criança ainda tens. Porque pouca gente te conhece, apesar de seres querido por tanta gente. Nunca me vás embora.
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