Depois de meses em que a escrita se tem centrado em termos académicos e linguagem técnica, sinto necessidade de escrever com o coração.
De escrever sobre os pequenos gestos que nos toldam o discernimento e que nos fazem voltar a ser criança, com aquele sorriso parvo por quase tudo e por quase nada. Posso escrever sobre o facto de ter sido pedida em casamento. Qual é o problema? Eu sei, eu sei, quase todas as miúdas são pedidas em casamento, com mais ou menos aparato, com ou sem anel, com direito a assistência ou simplesmente sozinhas.
Eu fui pedida em casamento, com direito a sol, uma varanda, uns olhos verdes que se ajoelharam e um anel tão a minha cara. Eu fui pedida em casamento com muita urgência, mesmo com os 7 anos e tal de namoro, porque o meu noivo (ahahahah, isto soa engraçado) não conseguiu esperar pelo pôr-do-sol-na-praia-perfeita. Eu fui pedida em casamento e o meu futuro marido não sabia bem qual era a mão em que o anel ficava, mas soube agarrar-me e dar-me um beijo longo e apaixonado.
Eu fui pedida em casamento, mesmo sabendo já que queríamos casar para o ano e de já andarmos a tratar dos primeiros passos de tal acontecimento. Mas fui pedia em casamento, pelo amor da minha vida e disse sim. Disse que sim, abracei-me a ele e demos um beijo (ou foi o contrário? :p). E andei nas nuvens. E fomos jantar à grande, bebemos uma garrafa de vinho tinto e andámos a passear ao som do rio e do mar, com conversas boas e muitos abraços. E adormecemos de mão dada, eu sem largar o anel que estava grande (but who cares?), sem desmanchar o sorriso e o sentimento de menina mimada, aparvalhada e muito lamechas.
Oh, foda*, se o amor não for um bocadinho lamechas, não vale a pena. Nem sequer é amor. E pronto.